Pôster do filme “Criação” (Creation) - baseado no livro “Annie’s Box”, escrito por Randal Reynes, tataraneto de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Medicina: transplantes praticamente não têm mais limites

Transplantes de rosto são cada vez mais comuns


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ANGELA JOENCK PINTO
Pernas, mãos, rostos: os transplantes praticamente não têm mais limites. Esta é a opinião do chefe da equipe de transplantes digestivos do Hospital de Clínicas e professor da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Carneiro D' Albuquerque.
"Conseguimos trocar quase todos os órgãos e membros. Estamos, aqui no Hospital de Clínicas de São Paulo, prestes a começar o transplante de todos os órgãos abdominais, o que já é realizado em alguns países do primeiro mundo", afirmou. Segundo Albuquerque, hoje, é possível transplantar no hospital estômago, duodeno, intestino delgado, cólon, fígado, pâncreas e rim.
O médico afirma que as restrições são maiores quando o procedimento envolve muitos nervos, como no caso da coluna. "Tecnicamente evoluímos muito, mas ainda temos que discutir certos aspectos éticos, como quando transplantar, e se em doenças autoinfligidas, como tentativas de suicídio, por exemplo, negativa de tratamento da doença causadora, de base, e quando um doente já terminal solicitar o transplante."
Enquanto pacientes lutam contra o tempo em filas de espera, médicos e cientistas lutam para avançar na busca por novas drogas contra rejeição, mais eficientes e com menos efeitos colaterais.
Tecnicamente, a rejeição de transplante ocorre quando o sistema imune do receptor ataca o órgão ou tecido transplantado. O sangue e os tecidos contêm proteínas identificadoras na superfície, que auxiliam a distinguir os tecidos "próprios" dos tecidos "estranhos". Essas proteínas podem agir como antígenos, que desencadeiam a resposta imune, formando anticorpos contra os antígenos estranhos.
Mas também há a rejeição psicológica, comum no caso de quem recebe membros como pernas, braços e mãos. Clint Hallam, o primeiro homem a passar por um transplante de mão em 1998, pediu para a mesma ser amputada. Decidiu por parar de tomar os remédios para rejeição, o que obrigou os médicos a reverter o transplante, para evitar o quadro de septicemia (infecção generalizada).
"Quando é realizado um transplante por insuficiência ou falência de um órgão, o que em geral observamos é a aceitação integral do órgão, de modo a acreditar que ele é realmente seu. Talvez diferente dos casos em que se transplanta braços, mãos, etc, em que o sacrifício da fisioterapia e drogas diárias contra rejeição podem ser considerados como dificultantes e não salvadores da vida. Por isto, o transplante deve ser realizado por equipes multiprofissionais, com muito trabalho não somente nos aspectos técnicos. Os aspectos sociais, emocionais e familiares são fundamentais para o sucesso final", lembra Albuquerque.
Para o futuro, o médico afirma que a ciência tentará transplantar células ou órgãos geneticamente modificados e personalizados, utilizando inclusive animais. "A ideia é injetar células e recuperar a função do que se deseja ou mesmo modificar geneticamente e personalizar órgãos de animais. Animais sem doença teriam seus genes modificados, recebendo o gene da pessoa doente, e um porco poderia fornecer, por exemplo, um fígado com o perfil genético do receptor, feito para ele". Já as células-tronco, ao menos nos próximos anos, deverão ficar restritas aos centros de pesquisa. "O que temos que fazer é investir, esperar e rezar", completou.
Como funcionam as doações no Brasil?
A legislação brasileira sobre o processo doações para transplantes estabelece que somos todos doadores de órgãos desde que, após a nossa morte, um familiar até segundo-grau de parentesco autorize, por escrito, o procedimento. Por isso, instituições como a Adote (Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos) pedem em campanhas de conscientização que, se desejar ser doadora, a pessoa notifique a família, se possível deixando sua vontade registrada por escrito.
Conforme o médico, o Brasil possui o maior programa público de transplantes do mundo. "Somos um exemplo mundial. O SUS cobre 97% dos transplantes e fornece drogas por toda vida. Somos o terceiro pais do mundo em transplantes de fígado, com um crescimento expressivo de todos os tipos de cirurgia, graças ao grande esforço feito pelo Ministério da Saúde, que tem alocado recursos significantes para aumentar a doação, procura e captação de órgãos", disse o médico.
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http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4838588-EI8147,00-Medicina+transplantes+praticamente+nao+tem+mais+limites.html

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