Pôster do filme “Criação” (Creation) - baseado no livro “Annie’s Box”, escrito por Randal Reynes, tataraneto de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Empresa criada por bilionários busca minérios no espaço.

Uma empresa recheada de nomes graúdos, como James Cameron (diretor dos filmes de bilheteria bilionária "Titanic" e "Avatar") e Larry Page (criador do Google), anunciou ontem seus planos de promover mineração em asteroides próximos da Terra. A companhia, batizada de Planetary Resources Inc., espera fazer a extração de recursos escassos na Terra em bólidos celestes que se aproximem da órbita de nosso planeta, membros do grupo de corpos celestes conhecidos como NEOs ("objetos perto da Terra", na sigla inglesa). Eles calculam que o negócio poderia movimentar dezenas de bilhões de dólares. Durante a coletiva que revelou os planos da empresa, Peter Diamandis, cofundador e codiretor da firma, destacou que um único asteroide de 500 metros rico em platina contém mais desse metal que tudo o que já foi minerado na Terra na história. "Muitos metais e minerais escassos existem em quantidade quase infinita no espaço", disse. "Conforme o acesso a eles aumentar, cairá o custo de tudo, incluindo desfibriladores, dispositivos portáteis, televisões e monitores de computador." Diamandis ficou conhecido nos círculos da exploração espacial depois de ter criado o Prêmio X, que incentivou a criação das primeiras naves suborbitais destinadas ao turismo espacial (agora em fase de testes pela empresa Virgin Galactic). . MISSÃO MAPEADA Antes mesmo de se revelar ao mercado, a Planetary Resources fez sua lição de casa. Ela estima que, dos cerca de 9.000 asteroides próximos da Terra, cerca de 1.500 são tão fáceis de visitar quanto a Lua. Ainda assim, será preciso determinar quais são os mais promissores. Por isso, o projeto começará pela ciência. A empresa pretende lançar, no horizonte de 18 meses a 24 meses, um telescópio espacial de baixo custo. Ele fará as primeiras observações para a escolha dos alvos e também servirá de protótipo para sondas que serão enviadas a eles mais tarde, a fim de mapear os recursos minerais presentes nos astros com maior precisão. Segundo Eric Anderson, codiretor da Planetary Resources ao lado de Diamandis, essa fase deve durar cerca de dois anos, depois dos quais começarão as missões que envolvem visitas de naves aos asteroides. Ainda não há prazo para as primeiras extrações de minério. As espaçonaves mineradoras serão todas não tripuladas. Missões de pouso e coleta de amostras em asteroides já foram conduzidas antes (a sonda japonesa Hayabusa é o melhor exemplo), de maneira que não há impedimentos técnicos para o projeto. Além de metais raros, como rutênio, ródio, paládio, ósmio, irídio e platina, a companhia de mineração espacial espera extrair água de asteroides. Nesse caso, o objetivo claramente não é trazê-la de volta à Terra, mas sim atender a uma futura demanda no próprio espaço. A água poderia servir para manter futuras colônias humanas em outros mundos, como a Lua, ou ser convertida em combustível (na forma de hidrogênio e oxigênio) para reabastecimento de espaçonaves em órbita. É cedo para dizer se tudo isso vai mesmo acontecer. Mas dinheiro não falta para bancar a empreitada quando há gente como Page, Eric Schmidt (diretor executivo do Google) e Charles Simonyi (ex-executivo da Microsoft que já fez dois voos de turismo à Estação Espacial Internacional, pagando a "passagem" do próprio bolso). James Cameron, por ora, empresta seu prestígio ao esforço como consultor da companhia. Mas seus dólares continuarão firmemente presos ao chão. . http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1081140-empresa-criada-por-bilionarios-busca-minerios-no-espaco.shtml

domingo, 29 de abril de 2012

Cobra falante

Aumenta mistério sobre origem dos raios cósmicos

O IceCube é um incrível laboratório de um quilômetro cúbico construído do meio do gelo da Antártica. [Imagem: IceCube]
. Neutrinos não encontrados Não bastasse os astrônomos não terem encontrado matéria escura ao redor do Sol, os físicos também não encontraram neutrinos nas colossais explosões conhecidas como erupções de raios gama (ou GRB: gamma-ray bursts). E é justamente lá onde as teorias afirmavam ser mais provável que os neutrinos fossem encontrados. A constatação é da equipe do Observatório IceCube, um incrível laboratório de um quilômetro cúbico construído do meio do gelo da Antártica. O IceCube possui 5.160 módulo ópticos digitais capazes de rastrear múons com muita precisão. Múons são equivalentes mais pesados dos elétrons, que são criados quanto os neutrinos colidem com átomos no gelo. "Segundo o modelo mais aceito, nós deveríamos observar 8,4 eventos correspondentes à produção de neutrinos de uma explosão de raios gama nos dados do IceCube usados para esta busca," explica Spencer Klein, membro da equipe. "Nós não encontramos nenhum, o que indica que as erupções de raios gama não são a fonte dos raios cósmicos de ultra alta energia," conclui ele. Astronomia de neutrinos Em 2010, mesmo antes de estar pronto, o IceCube já havia descoberto um padrão inusitado nos raios cósmicos, que também desafia as teorias. Telescópio do gelo detecta padrão inexplicável de raios cósmicos "Embora seja desapontador não ter encontrado um sinal de neutrino originando-se das GRBs, este é o primeiro resultado da astronomia de neutrinos que é capaz de impor fortes limites aos modelos astrofísicos extragalácticos. E isso marca o início de uma nova era na área da astronomia de neutrinos," disse Peter Redl, outro membro da equipe. De fato, segundo esses modelos, agora resta uma única fonte possível dos neutrinos de alta energia: os núcleos ativos de galáxias e seus buracos negros supermaciços. Em 2007, o Observatório Pierre Auger conseguiu uma associação entre os neutrinos de alta energia e os núcleos ativos de galáxias. Mas o IceCube, ainda no início de suas operações, não possui dados nem para confirmar e nem para descartar essa possibilidade. O laboratório IceCube congrega 260 cientistas de 42 instituições de 11 países. Bibliografia: An absence of neutrinos associated with cosmic ray acceleration in gamma-ray bursts IceCube Collaboration Nature Vol.: 484, 351–354 DOI: 10.1038/nature11068 . http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=origem-raios-cosmicos-alta-energia&id=020130120419

Astrônomos não encontram matéria escura

Esta ilustração mostra a galáxia da Via Láctea. O halo azul que rodeia a galáxia indica a distribuição esperada da misteriosa matéria escura. As novas medições, baseadas nos movimentos das estrelas, mostram que não existe matéria escura significativa na vizinhança do Sol. A esfera azul centrada, na posição do Sol, mostra o tamanho aproximado do novo volume mapeado, não apresentando no entanto a sua forma precisa.[Imagem: ESO/L. Calçada]
. Matéria escura não encontrada Com um resultado que está sendo visto como mais um de uma série de duros golpes nas teorias sobre a matéria escura, astrônomos não encontraram sinais da misteriosa matéria. O estudo mais preciso já feito até hoje sobre os movimentos de estrelas na Via Láctea não mostrou qualquer sinal da existência da matéria escura. De acordo com as teorias geralmente aceitas, a "vizinhança" do Sol - vizinhança em escala cósmica - deveria estar cheia de matéria escura, a matéria invisível misteriosa que só pode ser detectada de modo indireto pela força gravitacional que exerce. Mas uma equipe de astrônomos do Chile descobriu que estas teorias não explicam os dados observados, o que pode significar que tentativas de detectar diretamente partículas de matéria escura na Terra dificilmente serão bem-sucedidas. Obscura matéria escura A matéria escura é uma substância misteriosa que não pode ser vista, mas cuja existência foi teorizada porque há um efeito gravitacional em escala cósmica que não é gerada por matéria comum. Este ingrediente extra do cosmos foi originalmente sugerido para explicar por que é que as zonas periféricas das galáxias, incluindo a nossa própria Via Láctea, giram tão rapidamente. A matéria escura é agora uma parte integrante das teorias que explicam como as galáxias se formam e evoluem. Mas o problema é gigantesco, porque os cientistas consideram que a matéria escura constitui cerca de 80% da massa do Universo. Já a matéria comum, chamada bariônica, que compreende todos os elementos da Tabela Periódica espalhadas pelo Universo - estrelas, planetas, gases interestelares etc. - compreende apenas 4% da massa do Universo. Apesar das teorias, a matéria escura permanece obscura, resistindo a todas as tentativas de clarificação da sua natureza - até agora todas as tentativas de detecção de matéria escura em laboratórios na Terra também falharam. Gravidade sem matéria A equipe de astrônomos mapeou os movimentos de mais de 400 estrelas, até uma distância de 13 mil anos-luz do Sol. A partir destes novos dados, a equipe calculou a massa da matéria na vizinhança do Sol, contida num volume quatro vezes maior do que considerado nos levantamentos anteriores. "A quantidade de massa que calculamos coincide muito bem com o que vemos - estrelas, poeira e gás - na região em torno do Sol", diz o líder da equipe Christian Moni Bidin, da Universidade de Concepción, no Chile. "Mas isso não deixa lugar para matéria adicional - a matéria escura - que esperávamos encontrar. Os nossos cálculos mostram que a matéria escura deveria ter aparecido muito claramente nas medições. Mas ela não está lá!". Ao medir cuidadosamente os movimentos de muitas estrelas, particularmente daquelas fora do plano da Via Láctea, a equipe pôde calcular a quantidade de matéria presente responsável por esses movimentos. Estes movimentos são o resultado da atração gravitacional mútua de toda a matéria, seja ela normal, como por exemplo estrelas, seja ela matéria escura. Lei da gravidade revisada pode dispensar matéria escura Os modelos existentes para explicar como é que as galáxias se formam e giram sugerem que a Via Láctea esteja rodeada por um halo de matéria escura. Os modelos não conseguem prever exatamente a forma desse halo, mas preveem encontrar quantidades significativas de tal matéria na região em torno do Sol. No entanto, apenas algumas formas bastante incomuns do halo de matéria escura - tais como uma forma extremamente alongada - poderiam explicar a falta de matéria escura descoberta por este novo estudo. As teorias predizem que a quantidade média de matéria escura na região da Galáxia onde se encontra o Sol deva ser da ordem de 0,4 a 1,0 quilogramas de matéria escura num volume equivalente ao tamanho da Terra. As novas medições encontram o valor de 0,00 ± 0,07 quilogramas por volume do tamanho da Terra. Fracasso provável Os novos resultados também significam que tentativas de detectar matéria escura na Terra por meio das raras interações entre as partículas de matéria escura e as partículas de matéria normal terão poucas probabilidades de sucesso, como já aconteceu com o experimento Xenon100. "Apesar dos novos resultados, a Via Láctea gira muito mais rapidamente do que pode ser justificado pela matéria visível. Por isso, se a matéria escura não está onde se esperava, temos que procurar uma nova solução para o problema da massa faltante. "Os nossos resultados contradizem os modelos atualmente aceitos. O enigma da matéria escura tornou-se agora ainda mais misterioso. Rastreios futuros, como os da missão Gaia da ESA, serão cruciais para avançarmos a partir deste momento", conclui Christian Moni Bidin. Não é a primeira vez que as teorias da matéria escura são questionadas por observações: Herschel encontra matéria escura de menos e estrelas demais Observatório não detecta partículas de matéria escura Núcleo de matéria escura desafia teorias . http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=astronomos-nao-encontram-materia-escura&id=010130120419

DEUS mostra como o Universo evoluiu desde sua criação

Embora a idade do Universo seja calculada em 13,7 bilhões de anos, a luz pode ter viajado muito mais do que isso desde o Big Bang, dependendo do modelo utilizado: o mais radical prevê um Universo com 45 bilhões de anos-luz. [Imagem: Deus Consortium]
. Energia escura do Universo Uma equipe de pesquisadores do Laboratório Universo e Teorias, da Universidade Paris Diderot, na França, concluiu a primeira etapa da simulação do Universo inteiro. Ou, pelo menos, do Universo observável. O objetivo é simular em computador o desenvolvimento de todo o Universo, do Big Bang até os nossos dias. Esta é a primeira de três "rodadas" do projeto DEUS (Dark Energy Universe Simulation, simulação da energia escura do universo, em tradução livre). O projeto, que ocupa um supercomputador em tempo integral, conseguiu seguir a evolução de 550 bilhões de partículas nessa primeira rodada. Teorias sobre Energia Escura Enquanto a matéria escura fica cada vez mais obscura e os raios cósmicos cada vez mais misteriosos, os cientistas esperam ter melhores resultados com a energia escura. A simulação foi programada com base em três teorias sobre a energia escura. A primeira é a do modelo padrão de formação do universo com uma constante cosmológica, aquela que Einstein se arrependeu de ter tirado de suas equações, uma vez que ela permitiria que ele tivesse previsto a expansão do Universo - "Foi o maior erro da minha vida," teria dito o cientista. A equipe pretende rodar novas simulações com outros dois modelos. O segundo será caracterizado por um componente de energia escura dinâmico, que preencheria todo o Universo. O terceiro modelo pressupõe uma modificação na lei da gravidade em grandes escalas, levando em conta os efeitos de um componente em aceleração, chamado "energia escura fantasma". De zoom em zoom, os cientistas franceses já conseguiram simular 550 bilhões de partículas. [Imagem: Deus Consortium] Confirmações das teorias Se alguma das teorias estiver corretas, será possível estabelecer seus efeitos sobre a formação da estrutura do Universo e, desta forma, estabelecer alvos para novas observações astronômicas. Na prática o caminho será o inverso: a partir das previsões de cada teoria, as simulações permitirão estabelecer alvos em busca de uma eventual confirmação. Graças ao seu supercomputador Curie, com 92.000 CPUs, os cientistas esperam ter todos os resultados até Maio deste ano. . http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=deus-mostra-como-universo-evoluiu-desde-sua-criacao&id=010130120427

Música ativa região do cérebro ligada ao raciocínio e concentração

A música acompanha a humanidade desde seus primórdios como elemento que envolve e emociona as pessoas. Nos últimos anos, estudos científicos têm mostrado que a musicalização e o aprendizado de um instrumento também podem ajudar na assimilação de conteúdos trabalhados em disciplinas que exigem raciocínio lógico e concentração. A razão disso é a estimulação de regiões do cérebro ativadas especialmente no estudo de matérias como matemática e línguas, que também atuam no processamento e produção de sentido e emoção da música. De acordo com Aurilene Guerra, mestre em neuropsicologia e professora de Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a escuta ativa exige o desenvolvimento da capacidade de concentração, além de promover a criatividade por meio da sensibilização do aluno. "Na última década, houve uma grande expansão nos conhecimentos das bases neurobiológicas do processamento da música, favorecida pelas novas tecnologias de neuroimagem", conta Aurilene. Os estudos científicos comprovaram que o cérebro não dispõe de um "centro musical", mas coloca em atividade uma ampla gama de áreas para interpretar as diferentes alturas, timbres, ritmos e realizar a decodificação métrica, melódico-harmônica e modulação do sistema de prazer e recompensa envolvido na experiência musical. "O processo mental de sequencialização e espacialização envolve altas funções cerebrais, como na resolução de equações matemáticas avançadas, e que também são utilizadas por músicos na performance de tarefas musicais", explica Aurilene. Aurilene explica que o processamento da música começa com a penetração das vibrações sonoras no ouvido interno, provocando movimentos nas células ciliares que variam de acordo com a frequência das ondas. Os estímulos sonoros seguem pelo nervo auditivo até o lobo temporal, onde se dá a senso-percepção musical: é nesse estágio que são decodificados altura, timbre, contorno e ritmo do som. O lobo temporal conecta-se em circuitos de ida e volta com o hipocampo, uma das áreas ligadas à memória, o cerebelo e a amígdala, áreas que integram o chamado cérebro primitivo e são responsáveis pela regulação motora e emocional, e ainda um pequeno núcleo de massa cinzenta, relacionado à sensação de bem-estar gerada por uma boa música. "Enquanto as áreas temporais do cérebro são aquelas que recebem e processam os sons, algumas áreas específicas do lobo frontal são responsáveis pela decodificação da estrutura e ordem temporal, isto é, do comportamento musical mais planejado", acrescenta Aurilene. Segundo a professora, estudos científicos apontaram uma correspondência significativa entre a instrução musical nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento da inteligência espacial, responsável por estabelecer relações entre itens e que favorece as habilidades matemáticas, necessárias ao fazer musical no processo de divisão de ritmos e contagem de tempo. Porém, para aproveitar os benefícios da aprendizagem, é necessário que a motivação parta do próprio estudante. Aurilene cita estudos que colocam que as diferenças individuais entre crianças são imensas e não parecem ser reduzidas por meio do treinamento, já que a habilidade musical envolve uma grande predisposição genética. Mesmo que nem todos os alunos estejam destinados a se tornar profissionais, o processo de interpretação musical desenvolve em certo nível a coordenação motora, concentração e raciocínio lógico, além de ser uma atividade que proporciona bem-estar, otimizando a fixação de conteúdos. "No contexto escolar, a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do aluno", diz Aurilene. "Ela favorece muito o desenvolvimento cognitivo e sensitivo, envolvendo o aluno de tal forma que ele realmente cristalize na memória uma situação." Os benefícios na prática O reconhecimento da importância do estudo da música para o desenvolvimento e formação pessoal dos alunos já foi formalizado pelo governo em 2008, com a sanção da Lei nº 11.769. A medida torna obrigatório, mas não exclusivo, o ensino da música na educação básica - o que significa que a atividade pode ser integrada a disciplinas como artes, sem constituir uma matéria específica. Isso contribuiu para o veto do artigo que determinava que as aulas fossem ministradas por profissionais da área, alegando-se ainda que muitos músicos em atividade no país não tinham formação especializada para exercer a profissão. Questões como a concepção de música como conteúdo, em vez de disciplina, e a falta de profissionais capacitados para o ensino da atividade devem entrar na pauta de discussões do Conselho Nacional de Educação (CNE). Por fim, a lei estabelecia um limite de três anos letivos para que as instituições de ensino implantassem a atividade na grade curricular. Com o encerramento do prazo em 2011, ainda não existem dados estatísticos sobre a implantação da atividade nas escolas, mas o Ministério da Educação pretende desenvolver uma pesquisa para levantar experiências que tiveram sucesso e possam ser replicadas. Um dos exemplos bem-sucedidos que ampliou suas atividades com o advento da lei é o projeto Música nas Escolas, desenvolvido desde 2003 em Barra Mansa, região sul do Rio de Janeiro. A iniciativa atua em escolas da rede municipal desde a educação infantil até o nono ano do ensino fundamental e é mantida por recursos da Secretaria Municipal de Educação, recebendo apoio de empresas privadas como a Light e a Votorantim. A ideia surgiu como uma tentativa de reestruturar as atividades de iniciação musical já existentes em colégios e creches do município, cuja oferta era limitada e pouco qualificada. Atualmente, o projeto atende 22 mil jovens e dispõe de uma orquestra sinfônica que já trabalhou com renomados solistas nacionais e estrangeiros. Vantoil de Souza, coordenador do Música nas Escolas e diretor artístico da orquestra sinfônica conta que o projeto oferece atividades obrigatórias e optativas aos estudantes. O trabalho de musicalização realizado em classe por monitores qualificados inclui matérias como percepção musical, desenvolvimento rítmico e prática de canto e canto coral; a partir da 6ª série, as aulas são inseridas na disciplina de Educação Artística. Como atividade facultativa, está a prática instrumental, cujas aulas são ministradas nas escolas que servem como polos musicais e abrigam os instrumentos que compõem a orquestra. "Embora a lei não determine a prática instrumental, ela é necessária para que o aprendizado teórico se verifique na prática", diz Souza. O maestro ressalta que a aprendizagem teórica isolada não provoca o desenvolvimento do raciocínio lógico e da sensibilidade atribuída ao estudo da música. "Sem a prática, o conhecimento do aluno fica privado de tudo o que é desenvolvido em contato com a acústica, sonoridades e interpretação das obras, além dele não receber a carga emocional que norteia a música enquanto prática", observa Souza. No entanto, tanto a lei quanto o projeto não visam a transformar os estudantes em músicos à força, mas oferecer a oportunidade de especialização àqueles que se interessarem pela prática, podendo inclusive facilitar o ingresso em cursos de graduação na área por meio de um convênio com a universidade local. "A obrigatoriedade implementada pela lei diz respeito aquele conteúdo que pode ser aproveitado por qualquer aluno, pois a música é parte do cotidiano das pessoas. Não se pode obrigar ninguém a tocar um instrumento, isso já é uma questão vocacional", completa Souza. O acompanhamento dos alunos participantes do projeto verificou de fato o desenvolvimento do raciocínio lógico e da capacidade de concentração, o que pode atuar como um grande ganho no aprendizado de outras disciplinas. Souza acrescenta que houve redução no índice de reprovações, e diz que o sistema de prática instrumental, realizado no turno contrário, também promove indiretamente um benefício social. "O aluno passa a ter praticamente educação em período integral. Depois do horário de aula, ele volta para o colégio ou vai para algum dos polos participar de ensaios. Como 87% do nosso atendimento é feito em escolas da periferia, isso o afasta de problemas sociais que ele poderia ser exposto", explica o maestro. . http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5743275-EI8147,00-Musica+ativa+regiao+do+cerebro+ligada+ao+raciocinio+e+concentracao.html

sábado, 28 de abril de 2012

Ótima foto-montagem

Ateísmo, um caso de polícia

Grupo de militantes ateus faz campanha perto de comício republicano em Washington (Foto: Rafael Garcia)
. UM DOS FENÔMENOS mais curiosos envolvendo religião aqui nos EUA, algo que não se observa no mesmo grau no Brasil, é o preconceito que grande porcentagem da população religiosa nutre contra os ateus. Pesquisas de opinião indicam que 55% dos eleitores cristãos não votariam em alguém de seu partido que não acreditasse em Deus. Mais da metade dos americanos também não gostaria que seus filhos se casassem com pessoas atéias. Supor que quem não crê em Deus carece de moralidade não é uma invenção nova, mas a polarização ideológica do país parece estar exacerbando isso. O ateísmo militante, uma prática que também é menos comum no Brasil, parece ser a reação de um grupo de pessoas que vêm se sentindo acuadas. Quem não professa nenhuma fé religiosa acaba tendo que ir para a rua e fazer campanha para ser respeitado, como o grupo da associação de ateus da foto acima, que flagrei nas proximidades de um comício republicano alguns meses atrás. Acredito que o preconceito contra ateus seja um problema menor no Brasil, um país que já reelegeu Fernando Henrique Cardoso, candidato que em eleições anteriores se recusara a declarar sua crença (ou falta de). Nas duas eleições que venceu, contou com a decência de seu adversário Lula, que não apelou para acusações religiosas durante a campanha. Não imagino isso acontecendo aqui nos EUA, onde a desconfiança de cristãos contra ateus é até maior do que contra outras religiões. Na tentativa de entender a raiz desse preconceito na América do Norte, uma dupla de psicólogos fez um curioso experimento em Vancouver, no Canadá. (OK. O Canadá não é os EUA, mas o país possui uma pequena amostragem da cultura conservadora que os cientistas estavam estudando.) Ara Norenzayan e Will Gervais, da Universidade da Columbia Britânica, supõem que o preconceito contra os ateus surge da crença de que quem não teme a punição divina tende a agir de maneira egoísta e inconsequente. “Há muito tempo os ateus são alvo de desconfiança, em parte porque eles não acreditam que um Deus vigilante e julgador monitora seu comportamento”, dizem os pesquisadores. O experimento dos cientistas consistiu em dividir um grupo de pessoas que se declaravam cristãs em dois e exibir diferentes vídeos para cada um deles, antes de submetê-los a um questionário. Um dos grupos assistiu a um filme genérico sobre turismo em Vancouver, e o outro assistiu a um vídeo do chefe de polícia da cidade relatando a eficiência da corporação. Esse segundo vídeo, segundo os psicólogos, servia como uma mensagem subliminar para lembrar às pessoas de que a vigilância da autoridade policial também ajuda a fazer com que as pessoas andem na linha. Em outras palavras, o filme reforçava a idéia de que os ateus não temem a punição de Deus, mas devem temer a punição do Estado contra atitudes que prejudiquem outras pessoas. Após a exibição dos filmes, os voluntários respondiam a um questionário para dizer o quanto desconfiavam do comportamento de diversos grupos minoritários, incluindo ateus, gays, judeus e muçulmanos. O resultado foi o esperado pelos psicólogos: aqueles que tinham assistido ao vídeo do chefe de polícia eram menos inclinados a declarar a falta de confiança nos ateus. “Lembretes sobre a autoridade secular podem, então, reduzir a desconfiança dos teístas contra os ateus”, escreveram os psicólogos. “Tanto os governos quanto os deuses podem encorajar o comportamento pró-social.” Um dado curioso do estudo de Norenzayan e Gervais é que o preconceito contras judeus, muçulmanos e, sobretudo, contra os gays, não se atenuava após os vídeos. Isso reforça a interpretação dos autores sobre os resultados, pois a orientação sexual das pessoas não está sob controle do Estado. O LADO IRÔNICO do clima de animosidade entre ateus e teístas é que ele está deixando o ateísmo militante quase tão chato quanto o fanatismo religioso. Minha cartunista preferida, Alexandra Moraes, ilustrou isso na série "o pintinho" Achei o estudo interessante, mas não sei o quanto pode ser útil para combater esse preconceito nos Estados Unidos. Como ateu, acho incômodo pensar que uma pessoa só depositaria sua confiança em mim se eu estiver sob vigilância da polícia. Sei que não são todos os religiosos que pensam dessa maneira estúpida, mas é triste pensar que muitos ainda têm essa mentalidade retrógrada. Pessoalmente, tenho impressão que o fanatismo religioso ignora um mecanismo psicológico muito mais fundamental. Quando fazemos mal a alguém, há algo que faz com que nos sintamos mal. Nós, ateus, sentimos culpa, remorso, tanto quanto qualquer outra pessoa deveria sentir. E deixar alguém feliz faz com que nos sintamos bem. Será que o preconceito contra o ateísmo diminuiria se os teístas fossem lembrados disso? PS. O inigualável Roberto Takata corrigiu um erro que cometi no primeiro parágrafo. A rejeição contra políticos ateus no Brasil na verdade é pior que nos EUA, atingindo 59%. . http://teoriadetudo.blogfolha.uol.com.br/

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Cientistas descobrem estruturas em forma de espiral em Marte

Estranhas estruturas descobertas em Marte podem responder origem dos canais marcianos
. A região dos Vales de Athabasca, em Marte, desperta a curiosidade de cientistas há anos. Os estranhos canais da região levaram a discussões sobre como foram formados - alguns diziam que por gelo, outros, por vulcões. Agora, cientistas da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, afirmam ter descoberto estranhas espirais na região que, segundo eles, só podem ter sido formadas por lava. O estudo foi divulgado nesta quinta-feira no site da revista especializada Science e estará na edição de amanhã da publicação. Os pesquisadores identificaram através de um satélite na órbita marciana 269 espirais na região, que variam entre 5 e 30 m de diâmetro e que, segundo eles, combinam com formas parecidas que ocorrem no solo da Terra e são formadas por lava. Estruturas parecidas são encontradas no Havaí e em regiões submarinas do Pacífico, próximo das ilhas Galápagos. Por outro lado, as formas não batem com aquelas produzidas pelo gelo. As placas, espirais e até polígonos que se formam na região costumam ser de origem vulcânica. Além disso, a região é muito próxima do equador marciano, o que dificultaria a presença de gelo na região. "Não temos certeza se essas espirais de lava ocorrem em outras regiões de Marte. (...) Elas se infiltram em qualquer lugar ou este é literalmente o único ponto onde ocorrem? De qualquer modo, elas vão levantar questões interessantes", diz Andrew Ryan, autor do estudo, ao site da revista New Scientist. . http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5741468-EI301,00-Cientistas+descobrem+estruturas+em+forma+de+espiral+em+Marte.html

Pré-história: agricultores e caçadores se miscigenaram na Europa

Uma análise de DNA de quatro humanos da Idade da Pedra, publicada nesta quinta-feira, revela como fazendeiros provavelmente migraram para o norte da Europa a partir do Mediterrâneo e acabaram se misturando com caçadores-coletores. O estudo, realizado por uma equipe sueco-dinamarquesa e publicado na revista científica americana Science, lança luz sobre um capítulo muito discutido da história humana: Como a agricultura se disseminou do Oriente Médio para a Europa? Os cientistas acreditam que a agricultura tenha se originado no Oriente Médio por volta de 11 mil anos atrás e alcançou a maior parte da Europa continental há cerca de 5 mil anos. As últimas descobertas sugerem que técnicas de plantio foram introduzidas por populações do sul que viviam na região do Mediterrâneo e levaram seu conhecimento para os caçadores-coletores do norte. Os cientistas chegaram a esta conclusão após o uso de análise avançada de DNA em quatro restos mortais da Idade da Pedra na Suécia - um fazendeiro e três caçadores-coletores - de cinco mil anos atrás. Os estudiosos conseguiram diferenciá-los, em parte, pela forma como os restos foram sepultados: o fazendeiro em uma tumba elevada de pedra megalítica e os caçadores coletores, em covas rasas. "Nós analisamos dados genéticos de duas diferentes culturas, uma de caçadores-coletores e outra de fazendeiros, que coexistiram mais ou menos na mesma época, a menos de 400 km de distância uma da outra", explicou o autor do estudo, Pontus Skoglund. "Após comparar nossos dados com os de populações de humanos modernos da Europa, nós descobrimos que os caçadores-coletores da Idade da Pedra estavam fora da variação genética das populações modernas, porém mais próximos dos indivíduos finlandeses, e que o fazendeiro que analisamos combinava estreitamente com as populações mediterrâneas", acrescentou. Este dado produz a imagem de uma migração de culturas de fazendeiros que levaram seus plantios e expertise de semeadura e acabaram se misturando aos locais, ensinando-os como cultivar a própria comida. "O perfil genético do fazendeiro da Idade da Pedra combinava com o de pessoas que atualmente vivem nas adjacências do Mediterrâneo, em Chipre, por exemplo", explicou Skoglund, estudante da Universidade de Uppsala, na Suécia. "Os resultados sugerem que a agricultura se espalhou pela Europa, em conjunto com uma migração das pessoas", acrescentou Skoglund. "Se a agricultura tivesse se disseminado exclusivamente como processo cultural, não esperaríamos ver um fazendeiro no norte com tal afinidade genética com as populações do sul", emendou. O coautor da pesquisa, Mattias Jakobsson, também da Universidade de Uppsala, disse que os dois grupos "tinham heranças genéticas totalmente diferentes e viveram lado a lado por mais de mil anos até finalmente se miscigenarem". O resultado é a população europeia moderna, que mostra fortes influências genéticas dos fazendeiros imigrantes da Idade da Pedra, embora alguns genes de caçadores-coletores tenham permanecido, afirmaram os cientistas. O estudo foi financiado pelo Conselho Nacional Dinamarquês de Pesquisa, pela Academia Real de Ciências Sueca e pelo Conselho de Pesquisas Sueco, assim como por instituições privadas. . http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5741462-EI8147,00-Prehistoria+agricultores+e+cacadores+se+miscigenaram+na+Europa.html

Micro-organismos achados na Noruega esclareceriam vida primitiva

Cientistas da Universidade de Oslo identificaram, em um pequeno lago ao sul da capital da Noruega, um microorganismo pouco comum que, segundo eles, pode dar uma nova percepção de como era a vida na Terra centenas de milhões de anos atrás. "Descobrimos neste lago um ramo desconhecido da árvore da vida. É único", assegurou nesta quinta-feira, em um comunicado, o encarregado do Grupo de Investigação sobre a Evolução Microbiana (MERG) da Universidade de Oslo. "Para nós, nenhum outro grupo de organismos descende de tão perto das raízes da árvore da vida", acrescentou Kamran Shalchian-Tabrizi. Este microorganismo "se desenvolveu há cerca de um bilhão de anos, com margem de erro de cem milhões de anos", afirmou. Para o pesquisador, este organismo microscópico "pode servir de telescópio para observar o microcosmo original" e assim conseguir "entender melhor como foi a vida primitiva na Terra". Este microorganismo foi descoberto há 20 anos por cientistas da Universidade de Oslo que "naquela ocasião não sabiam quão importante era", afirmou Kamran Shalchian-Tabrizi. . http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5741923-EI8147,00-Microorganismos+achados+na+Noruega+esclareceriam+vida+primitiva.html

Câmara dos EUA aprova polêmica lei de cibersegurança

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira a lei que protege empresas privadas e órgãos públicos de ciberataques, uma medida que segundo seus críticos atenta contra as liberdades civis. A maioria republicana na Câmara enfrentou a ameaça de veto da Casa Branca para aprovar a chamada Cyber Intelligence Sharing and Protection Act (Cispa, sigla em inglês), por 248 votos contra 162. O projeto segue agora para o Senado, controlado pelos democratas. A Casa Branca ameaçou vetar a lei por considerar que permitirá a troca de dados "sem estabelecer requisitos para que a indústria e o governo minimizem e protejam a informação que identifique as pessoas". Por outro lado, gigantes da internet como Google e Facebook se mostraram a favor da medida, que lhes daria mais liberdade frente às barreiras de segurança. A minuta dá permissão à Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) para solicitar dados sobre usuários da rede se um contato de seu diretório de e-mails tiver contatado algum suspeito de terrorismo. Além disso, o texto assinala que as companhias podem compartilhar informações sobre os usuários, até o ponto de identificá-los, com a NSA, o Departamento de Segurança Nacional e outras agências. O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Mike Rogers, disse que a medida é vital para defender os sistemas informáticos vulneráveis dos ataques externos: "não podemos ficar quietos e não fazer nada enquanto as empresas americanas sangram com o saque cibernético promovido por Estados como China e Rússia". "Sem dúvida, o caminho para a votação na Câmara não foi fácil", disse Dean Garfield, diretor-executivo do Conselho da Indústria Tecnológica de Informação, uma influente associação de comércio de tecnologia. "Mas no final do dia conseguimos uma legislação que claramente melhora as ciberdefesas do nosso país e que protegerá nossos cidadãos". Já Rainey Reitman, diretor do grupo de direitos digitais Electronic Frontier Foundation (EFF), afirmou que "não ficaremos de braços cruzados enquanto as libertades básicas para se ler e conversar on-line sem a vigilância do governo estejam em risco por este tipo de proposta legislativa excessivamente ampla". Já o congressista democrata Jared Polis afirmou que essa cláusula "elimina qualquer lei de privacidade que tenha sido aprovada". "Permitir que os militares e a NSA espionem os americanos em solo americano vai contra qualquer princípio sobre o qual se fundou este país", acrescentou Polis. . http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI5742248-EI12884,00-Camara+dos+EUA+aprova+polemica+lei+de+ciberseguranca.html

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cientistas criam robô controlado pela mente para paraplégicos

Com o auxílio de um aluno, o professor mostrou como a técnica funcionaria durante convenção nos Estados Unidos, em fevereiro
. Um professor de uma universidade suíça apresentou um robô que pode ser controlado pelas ondas cerebrais de uma pessoa paraplégica usando um boné equipado com eletrodos, noticiou a agência de notícias ATS. Um homem paralisado, em tratamento em um hospital na cidade de Sion participou de uma demonstração do equipamento na terça-feira, enviando um comando mental para um computador em seu quarto, que o transmitiu para outro computador, que finalmente moveu um pequeno robô a 60 km de distância, em Lausanne. O sistema foi desenvolvido por José Millan, professor da Escola Politécnica Federal de Lausanne, especializada em interfaces não invasivas entre cérebro e máquina. A mesma tecnologia pode ser usada para mover uma cadeira de rodas, afirmou Millan. "Assim que o movimento começa, o cérebro pode relaxar. De outra forma, a pessoa ficaria exausta rapidamente", explicou. Mas a tecnologia tem seus limites, acrescentou o cientista. Os sinais cerebrais podem ficar confusos se muitas pessoas ficarem em volta da cadeira de rodas, por exemplo. Além de dar mobilidade aos paraplégicos, equipamentos neuroprotéticos poderiam ser usados para ajudar pacientes a recuperar os sentidos, explicaram os cientistas. A professora Stephanie Lacour e sua equipe desenvolvem uma "pele elétrica" para amputados, que consiste em uma luva equipada com sensores minúsculos que enviariam informação diretamente para o sistema nervoso do usuário. Os cientistas dizem que esperam criar próteses que sejam tão móveis e sensíveis quanto a mão, afirmou Lacour. Outros cientistas de Lausanne trabalham na habilitação dos paraplégicos para voltar a andar com eletrodos implantados na coluna. "A meta é que após um ano de treinamento com um ajudante robótico, o paciente consiga caminhar sem o robô. Os eletrodos ficam implantados por toda a vida", disse o professor Gregoire Courtine. Ele afirmou que desenvolve testes clínicos e que espera conduzi-los no hospital universitário de Zurique no prazo de um ano. . http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5739391-EI238,00-Cientistas+criam+robo+controlado+pela+mente+para+paraplegicos.html

Terra e Lua foram atingidas por mais e maiores asteróides, revela estudo

Há aproximadamente 3,8 bilhões de anos, a Terra e a Lua receberam impacto de inúmeros asteróides gigantes, maiores do que os que extinguiram os dinossauros, e durante um período mais longo do que se achava, informou nesta quarta-feira a revista científica "Nature". "Descobrimos que asteróides gigantes, similares ou maiores aos que acabaram com os dinossauros, se chocaram contra a Terra com muito mais frequência do que se pensava", explicou à Agência Efe o astrofísico William Bottke, do Southwest Research Institute (Colorado, EUA.). Autor de um dos dois artigos publicados na última edição da "Nature", sobre o impacto dos meteoritos, Bottke defende que ao cerca de 70 asteróides de grandes dimensões impactaram contra a Terra durante o período Arqueano, que está compreendido entre 2,5 bilhões e 3,8 bilhões de anos atrás. Segundo Bottke, esses asteróides também atingiram a Lua. "Nosso trabalho sugere que o Arqueano, um período de formação da vida e de nossa biosfera, foi também uma época marcada por muitos impactos de meteoritos de grande magnitude. Isto nos ajudará a entender melhor os primeiros períodos da história da vida na Terra", declarou Bottke. Já Brandon Johnson, da Universidade de Purdue (Indiana, EUA.), argumenta que estes violentos impactos tiveram um papel maior do que imaginávamos na evolução das primeiras formas de vida terrestre. "Apesar de sempre pensarmos nos meteoritos como um detrimento para a vida, eles poderiam ter contribuído para a formação da mesma ao trazer material orgânico à Terra e produzir sistemas hidrotermal capazes de gerar vidas", detalhou Johnson à Agência Efe. As descobertas de ambos os cientistas respaldam o "Modelo de Nice", uma hipótese que defende que os planetas gigantes gasosos do Sistema Solar (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) migraram a partir de uma distribuição inicial mais compacta até suas atuais posições. O deslocamento destes planetas originou muitos asteróides, que, posteriormente, se viram atraídos em direção ao interior do Sistema Solar. Alguns destes asteróides impactaram violentamente contra a Terra, a Lua e outros corpos, um fenômeno conhecido como bombardeio intenso tardio. "Estes impactos geraram grandes crateras sobre a superfície lunar, que, por sinal, foram conservados muito melhor do que as da Terra. Esse fato pode apresentar uma grande quantidade de informações e compreender melhor este fenômeno", explicou Bottke. No total, os cientistas contabilizaram na Lua 30 crateras com um diâmetro maior que 300 quilômetros e com idades que oscilam entre os 4.1 bilhões e os 3.8 bilhões de anos, mais antigos que as crateras encontradas na Terra. Muitas crateras da superfície terrestre se perderam por causa da erosão e dos movimentos das placas tectônicas, sendo que poucas rochas dessa era sobreviveram e, por isso, os estudos de impacto de meteoritos há mais de 2 bilhões de anos possui uma maior dificuldade. No entanto, o choque desses meteoritos fundiu algumas das rochas salpicadas que se esfriaram até se transformar em pequenos pedaços de vidro, denominadas esférulas. A partir dessas amostras, Bottke e Johnson estimaram a data do impacto, além do número e do tamanho dos asteróides. Existem aproximadamente 20 jazidas de esférulas na Terra, que, segundo os especialistas, serão de grande utilidade para futuros. . http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5739160-EI238,00-Terra+e+Lua+foram+atingidas+por+mais+e+maiores+asteroides+revela+estudo.html

terça-feira, 24 de abril de 2012

domingo, 22 de abril de 2012

Cientistas criam fibras orgânicas que se constroem sozinhas

Duas equipes de pesquisadores franceses conseguiram criar nanofibras orgânicas com múltiplas utilidades no campo da microeletrônica capazes de construir-se por si próprias, o que permite reduzir os custos para sua produção, anunciou neste domingo o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França.
O experimento, realizado por especialistas do CNRS e da Universidade de Estrasburgo, mostra que as fibras, de poucos nanômetros de espessura, se reproduzem simplesmente com a aplicação de um flash luminoso, processo muito mais simples e barato que o empregado para fabricar outros materiais como os nanotubos de carbono.
"A vantagem destes novos filamentos é que reúnem o bom dos dois materiais condutores de eletricidade (os polímeros orgânicos plásticos e os metais): são leves e flexíveis como os primeiros e conduzem a eletricidade quase como os segundos", explicou à Agência Efe um dos autores do estudo, Nicolas Giuseppone.
A equipe do CNRS já tinha conseguido obter em 2010 este tipo de nanofibra ao modificar quimicamente moléculas de sínteses, as chamadas triaryl-aminas, utilizadas há décadas para produzir um tipo de fotocópia.
Porém, as propriedades condutoras dos novos filamentos não haviam sido evidenciadas até agora.
Ao lado de Bernad Doudin e seu grupo de pesquisadores da Universidade de Estrasburgo, Giuseppone pôs as novas moléculas em contato com um microcircuito eletrônico composto por eletrodos de ouro e aplicou um campo elétrico entre elas.
O experimento revelou, por um lado, que as fibras se construíam "por si só no lugar correto" entre os eletrodos, o que permitia poupar a manipulação dos componentes, algo "muito complicado em tão pequena escala", segundo Giuseppone.
Além disso, mostrou que os filamentos eram capazes de transmitir densidades de corrente "extraordinárias", muito similares às do cobre, algo "extremamente importante e raro", ressaltou o cientista, dada a má condutividade geral dos componentes orgânicos.
Agora, os pesquisadores buscam comprador para este novo material, que poderia integrar-se à escala industrial em aparelhos eletrônicos como telas flexíveis, células solares, transistores e nanocircuitos impressos, entre outros, com um custo e um peso inferior aos habituais.
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http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5732912-EI238,00-Cientistas+criam+fibras+organicas+que+se+constroem+sozinhas.html

Camundongo recupera visão após transplante de células

Cientistas britânicos conseguiram recuperar a visão de camundongos cegos, após transplantar células fotorreceptoras sensíveis à luz em seus olhos. As descobertas foram publicadas recentemente na revista científica Nature.

Os pesquisadores do Instituto de Oftalmologia da Universidade College London (UCL) injetaram células de roedores jovens diretamente nas retinas dos camundongos adultos que tinham problemas de visão.

Quatro a seis semanas depois do transplante, uma em cada seis das células transplantadas - que são especialmente importantes para permitir a visão em locais escuros - haviam formado as conexões necessárias para transmitir informações visuais ao cérebro.

Os pesquisadores testaram a visão dos roedores transplantados em um labirinto pouco iluminado e cheio de água.

O resultado é que os camundongos com as células novas conseguiam perceber o caminho que os levava a uma plataforma e os salvava da água. Já os animais que não receberam células só conseguiam encontrar a plataforma por acaso ou depois de uma extensa exploração do labirinto.

INTEGRAÇÃO DE CIRCUITOS

A perda de fotorreceptores é a causa da cegueira em muitas das doenças oculares que afetam humanos, como a degeneração macular relacionada à idade, alguns problemas na retina e a perda de visão decorrente do diabetes.

Para Robin Ali, pesquisador do Instituto de Oftalmologia da UCL e do Hospital de Olhos Moorfields, que liderou os estudos, "mostramos pela primeira vez que células fotorreceptoras transplantadas podem se integrar, de forma bem-sucedida, com o circuito já existente da retina e melhorar de fato a visão (dos camundongos)".

Segundo Ali, o teste do labirinto serviu de "prova" de que uma parte considerável da visão dos camundongos havia sido restaurada.

"Esperamos que, em breve, possamos reproduzir esse sucesso com fotorreceptores derivados de células-tronco embrionárias e finalmente iniciar exames com humanos", agregou.

Apesar das perspectivas promissoras, ainda há muitas etapas a serem superadas até que o tratamento esteja apto para ser usado em pacientes.

Os cientistas também planejam experimentar com fotorreceptores derivados de células-tronco embrionárias, mas a eficácia de seu transplante ainda é duvidosa.
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http://www1.folha.uol.com.br/bbc/1078403-camundongo-recupera-visao-apos-transplante-de-celulas.shtml

Japoneses "ensinam" cabelo humano a crescer nas costas de camundongo

Com o perdão do trocadilho, a imagem é de arrepiar os cabelos: um tufo de cabelo humano crescendo no dorso de um camundongo de uma linhagem naturalmente "pelada".

Os responsáveis pela visão inusitada são Takashi Tsuji e seus colegas da Universidade de Ciência de Tóquio, no Japão. Em artigo recém-publicado na revista científica "Nature Communications", eles mostram como conseguiram uma integração do cabelo humano muito similar à natural no organismo dos roedores.

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Camundongo sem pelos tem cabelos de origem humana (negros) em suas costas, em pesquisa de cientistas japoneses
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Em tese, a técnica, que partiu do cultivo em laboratório de folículos capilares de um homem com calvície, poderia ser um novo caminho para tratar a calvície.

O ponto importante do estudo japonês é que ele conseguiu fazer com que os cabelos implantados nos camundongos ficassem realmente conectados com a pele do animal, incluindo terminações nervosas e músculos que fazem os pelos arrepiarem.

Os pesquisadores também mostraram que esses cabelos passam pelo ciclo normal de crescimento, queda e reposição da cabeleira natural.
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http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1077766-japoneses-ensinam-cabelo-humano-a-crescer-nas-costas-de-camundongo.shtml

sábado, 21 de abril de 2012

Materialização de espíritos

Ectoplasma saindo da boca (blerg!) do médium Antônio Alves Feitosa e formando a aparição de Irmã Josefa, em Uberaba, 1965, na presença de Chico Xavier. Otília Diogo também aprticipou, e se encontrava sentada dentro da cabine.



A materialização de espíritos é um dos aspectos mais interessantes estudados no espiritismo, mas não é "propriedade" desta doutrina em particular. A vinculação se deu porque, nos primórdios do espiritismo, ainda na França, o fenômeno foi muito estudado e ganhou publicidade e respaldo de cientistas, que viam no espiritismo um novo ramo da ciência. Antes disso, os fatos a esse respeito eram vistos com reservas e segredos (e depois disso também, aliás, e o melhor exemplo é o Museu das Almas do Purgatório, pertencente à Igreja Católica e que quase nenhum católico conhece).

Em ocasiões especiais (e não me perguntem quais, pois ainda não sei) um espírito faz-se visível a nós, encarnados, sem a necessidade de um médium. Algumas vezes só para uma pessoa, como o que eu vi (e pode ser o caso dessa pessoa ter uma mediunidade aguçada), outras vezes para todos, indistintamente. O processo envolve uma "baixa" na vibração do corpo espiritual, grosso modo como um disco de cores do Newton, que ao diminuir sua rotação podemos divisar as cores que até então não víamos. Para o caso dos espíritos, ainda não há uma explicação científica aceitável, mas pelo que se sabe isso envolve a reunião dos fluidos vitais (algo parecido com a nossa "energia animal") de um médium ou de um grupo de pessoas para tornar o espírito um pouco mais... "vivo".

Em outros casos, o espírito utiliza-se de uma "cobertura" de ectoplasma, um líquido viscoso produzido pelo corpo e que sai de dentro do médium por TODOS os orifícios (urgh) e por algum motivo é moldável com o pensamento. Achou que isso só existia no filme Os Caça-Fantasmas? ERROU! A matéria que compõe o (saudoso) Geléia foi batizada por Charles Richet de Ectoplasma (do greo ektós, fora, exterior, e Plasma). É uma substância viscosa, esbranquiçada, quase transparente, com reflexos leitosos, evanescente sob a luz, e que tem propriedades químicas semelhantes às do corpo físico do médium, donde provém. Quimicamente, ela possui muita semelhança com a massa protoplásmica, é extremamente sensível a eletricidade e magnetismo, podendo ser moldável pelo pensamento e vontade do médium que o exterioriza, ou dos Espíritos desencarnados, podendo assim eles atuarem sobre a matéria.

O aspecto diáfano e pouco detalhado dessas aparições se caracteriza pela própria natureza da materialização ectoplasmática: é como se você embrulhasse uma comida com um filme plástico, só vai ser vista as formas grosseiras, nunca os detalhes. Outro método dos espíritos deixarem suas marcas é mergulhando a "mão espiritual" deles em cera quente. O resultado é que aparece DO NADA o molde de uma mão, ou uma rosa (eu já vi uma rosa dessas num centro espírita) ou qualquer coisa que o espírito plasmar com o pensamento.

Vários médicos e cientistas analisaram, à época de Kardec, o fenômeno da materialização. Vários métodos para evitar fraudes, muitos humilhantes para o médium (como amarrá-lo e deixá-lo nu) foram feitos, e mesmo assim as materializações ocorriam. Já em 1870, o conceituado físico e químico inglês William Crookes, descobridor do elemento "Talio" (TI) e membro da Sociedade Real Inglesa, estudou o fenômeno. Tudo começou quando o cientista decidiu acabar de vez com aquela idéia absurda de que "espíritos" poderiam se materializar. "Vou provar tratar-se de uma ilusão vulgar", anunciou. Mais de três anos após o início de suas pesquisas, Florence Cook - uma médium de 17 anos considerada um fenômeno na sua época, mas que havia sofrido denúncia de fraude - ofereceu-se a Crookes e sua esposa para ser pesquisada, aceitando quaisquer condições. O relatório escrito pelo cientista era quase uma heresia. A adolescente, quando em transe, liberava tanto ectoplasma que dava vida a uma outra forma feminina: Kate King, capaz de andar e falar por mais de duas horas seguidas. Florence era baixa e morena. Kate era alta, loura e aparentava ter 35 anos. O relato era minucioso e apresentava até as pulsações, completamente diferentes, da viva e da morta. Para arrematar, Crookes, anexou à sua narrativa 48 fotografias.

Segundo Gabriel Delanne, "William Crookes foi, na Europa, o primeiro cientista que teve o valor de comprovar, escrupulosamente, as afirmações dos espíritas. Muito cético, a princípio, suas investigações o conduziram progressivamente à convicção de que esses fenômenos são verdadeiros e não titubeou um único momento em proclamar, em alto e bom som, a certeza em que resultou o seu trabalho. A partir de então outros pesquisadores o seguiram, como Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Frederic William Myers, Richard Hodgson seguem pela senda aberta. Na Alemanha, cientistas eminentes como Friedrich Zöllner, Weber, Ulrici, o dr. Frièze e Carl Du Prel rendem-se à verdade que passam a defender. Na Rússia, Aksakof e Butlerof (da Universidade de São Petersburgo). Na Itália, o professor Falconer, Chialia, Broffério, Finzi, Schiaparelli e o próprio César Lombroso são levados a confessar a exatidão dos fenômenos que antes punham em dúvida. Na França, Gibier, Richet, De Rochas e Camille Flamarion comprovam a mediunidade de Eusápia Paladino."

Flamarion, conceituadíssimo astrônomo francês - para muitos cientistas considerado o "Carl Sagan do século XIX" - conterrâneo e amigo pessoal de Allan Kardec, afirmou:

"Porque, senhores, o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o ABC. O tempo dos dogmas terminou. A Natureza abarca o Universo. O próprio Deus, que outrora foi feito à imagem do homem, não pode ser considerado pela Metafísica moderna senão como um espírito na Natureza. O sobrenatural não existe. As manifestações obtidas através dos médiuns, como as do magnetismo e do sonambulismo, são de ordem natural e devem ser severamente submetidas ao controle da experiência. Não há mais milagres. Assistimos à aurora de uma Ciência desconhecida." (...) "Aquele cuja visão é limitada pelo orgulho ou pelo preconceito e não compreendem esses desejos ansiosos de nossos pensamentos, ávidos de conhecimentos, que atirem sobre tal gênero de estudos o sarcasmo ou o anátema! Nós erguemos mais alto as nossas contemplações!"

Estranho que as mentes mais brilhantes de sua geração tenham sido enganadas em diversos países com jogos de espelho e truques baratos... Afinal, esse é o pensamento da comunidade científica atual que, ao contrário de seus brilhantes antecessores, não se interessam por esses assuntos "transcendentais".

Seja como for, o fenômeno não parou com a falta de interesse. Apenas foi relegado ao ostracismo, até que Chico Xavier e outros poderosos médiuns pudessem ser o veículo para dar ao Brasil demonstrações dramáticas de que a vida continua. Um deles era Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho. Convidado a ir a Uberaba, ele se apresentou a Chico Xavier e uma seleta platéia, que incluía o delegado de polícia paulista R. A. Ranieri. Marcel Souto Maior nos relata o ocorrido, no livro As Vidas de Chico Xavier:

"Às oito da noite em ponto, uma lâmpada vermelha iluminou a platéia. Mais de quinze pessoas, entre elas Chico Xavier, iniciaram o rito, de acordo com o regulamento espírita: leitura de trechos evangélicos, seguida de comentários, "para atrair espíritos de ordem superior", acompanhada por música clássica, "para facilitar a aglutinação fluídica" e conduzir os participantes a uma vibração positiva. Ave Maria, de Gounod, tomou conta do ambiente. Da cabine onde estava Peixotinho saíram clarões coloridos. O corredor foi atingido por reflexos verdes, roxos e azuis. De repente, apareceu na sala um visitante fluorescente. Diante de olhos atônitos, alguns deles desconfiados, começou o desfile de assombrações.

Um dos perplexos na platéia era o delegado de polícia paulista R. A. Ranieri. Naquela noite, ele foi surpreendido pela visita de uma réplica iluminada de sua filha, Heleninha, morta três anos antes, com dois anos de idade. A garota "saiu" do corpo de Peixotinho e "ressuscitou", quase em neon, com a mesma fisionomia e estatura dos tempos de viva e com a voz semelhante à original. Cumprimentou o pai e colocou nas mãos dele uma flor brilhante.
Era ela, sem dúvida nenhuma - garantiu Ranieri.
E exigiu credibilidade.
Ficou tão convencido da autenticidade dos fenômenos que escreveu um livro sobre o assunto, intitulado "Materializações Luminosas".

O espetáculo durou pouco e foi até bem comportado perto dos shows promovidos por Peixotinho no Rio. As experiências realizadas por ele e acompanhadas por Ranieri na capital eram ainda mais espetaculares. Algumas vezes, duas latas, com capacidade para vinte litros cada, ficavam lado a lado na cabine onde o médium dava à luz seres invisíveis. Numa delas, parafina dissolvida fervia sobre um fogareiro aceso, à temperatura de até cem graus centígrados. A outra ficava cheia de água fria. As criaturas iluminadas enfiavam as mãos e os pés nas latas de parafina fervente e, depois, as mergulhavam na água. Resultado: esculturas perfeitas. As surpresas se sucediam. Frases ditas pelos espectadores viravam, em segundos, letreiros luminosos suspensos no ar."

Em outra ocasião, em Pedro Leopoldo, a cabine onde fica o médium doador de ectoplasma, antes indevassável, foi aberta ao fotógrafo Henrique Ferraz Filho. O ectoplasma, expelido pela boca e ouvidos do médium Peixotinho, assumia forma humana e adquiria voz. Quando Henrique disparava o flash, não via nada ou ninguém diante dele. Mas, ao revelar o filme, a aparição estava lá. Na noite de 2 de maio, a Rolleyflex registrou o corpo estranho de um senhor carrancudo envolto em uma espécie de manto vaporoso. No verso da fotografia, Chico Xavier escreveu:
'Na cabine habitual das sessões de materialização, tivemos a felicidade de receber a visita do irmão Camerino, desencarnado na cidade de Macaé...
Francisco Cândido Xavier'.
Ninguém conseguiu provar a existência de truques nas sessões de materialização em Pedro Leopoldo nem de montagem nas fotos. Chico "assinou embaixo" de várias delas.

Em 1952-53, Chico Xavier se animou a realizar ele também sessões de materializações. Chico se deitava na cama em um quarto próximo à sala, as rezas começavam, a música enchia a sala e o desfile de aparições surpreendia os espectadores. As criaturas iluminadas eram mais etéreas, menos sólidas, do que as geradas por Peixotinho em seus espetáculos. Numa das noites, um dos espectadores e amigos de Chico, Arnaldo Rocha, recebeu a visita de Maria José de São Domingos Ramalho Rocha, sua mãe. Quando viva, ela tratava os filhos como "vidrinhos de cheiro" e tinha a mania de pousar as mãos na cabeça deles. Em sua versão fluorescente, ela repetiu os hábitos estranhos. O filho quis saber se ela conservava também a mania de cheirar rapé. A aparição riu, negou e mostrou a tabaqueira vazia. Em outra noitada, uma senhora fulgurante, coberta por véus, saiu do cubículo onde estava Chico e iluminou a sala de visitas com uma jóia fosforescente. André Xavier identificou a recém-chegada: era Cidália, mãe dele, segunda mulher de João Cândido. Antes de sair, a madrasta de Chico deixou um rastro de perfume no ar. De repente, uma nova fragrância invadiu a sala e uma figura elegante entrou em cena. Era Meimei, ex-mulher de Arnaldo. Ela cumprimentou a todos e pediu que a "pessoa necessitada" se aproximasse. Um jovem tuberculoso se levantou da cadeira. A aparição envolveu seu peito com cordões fosforescentes. A radioatividade, livre dos efeitos negativos do rádio, poderia curar. Em seguida, um sujeito com pose austera, enfiado numa toga romana de tonalidade azul, surgiu na sala com uma tocha acesa numa das mãos. Em tom grave, afirmou: Amigos, o que acabastes de ver e de ouvir representa maiores responsabilidades sobre os vossos ombros.
Era Emmanuel.

Logo, ele sumiu e abriu alas para nova onda de perfumes. A recém-chegada era bem mais atraente e simpática. Loira, jovial, respondia pelo nome de Sheilla e falava com forte sotaque alemão. Um dos espectadores, diante da enfermeira morta na Segunda Guerra, tratou de fazer uma consulta médica:
- Eu me sinto mal.
- Você come muita manteiga.
Ela pediu que o paciente levantasse a camisa. Iria fazer uma radiografia do seu estômago.
Sheilla se aproximou e, com os dedos semi-abertos, apalpou a região do estômago em sentido horizontal. Os espectadores ficaram perplexos. De repente, a barriga do paciente ficou transparente e todos puderam ver suas vísceras em funcionamento. Sheilla se limitou a informar:
- Agora levarei a radiografia ao Plano Espiritual para que a estudem e lhe dêem um remédio.


O FIM DAS MATERIALIZAÇÕES VIA CHICO XAVIER

Em 1953, Chico estava na cabine quando a sala foi iluminada por uma espécie de relâmpago. Segundo o livro Mandato de Amor: "Já era bem tarde, Chico ainda estava na cabine, quando se materializou uma entidade, cujo porte e luminosidade demonstraram-nos grande superioridade. A porta por onde adentrou o recinto evidenciou-lhe a estatura elevada. Profundo silêncio se fez, embora sussurros se fizessem ouvir:
— Emmanuel?!?

Ali estava o abnegado servidor de Cristo, o ex-senador romano!

Arnaldo Rocha assim descreve a profunda emoção causada pela materialização daquela singular e inesquecível presença: A materialização de Emmanuel foi magnífica! Emmanuel é um belíssimo tipo de homem. Atlético, alto, provavelmente 1 metro e 90 centímetros de altura. Sua voz clara, forte, baritonada, suave mas enérgica, impressionou-nos muito. O andar e os gestos elegantes, simples, porém aristocráticos. No grande e largo tórax um luzeiro multicolorido. Na mão direita, erguida, trazia uma tocha luminescente e sua presença sempre irradiava paz, harmonia, beleza e felicidade."

E ele falou a todos:
- Amigos, a materialização é fenômeno que pode deslumbrar alguns companheiros e até beneficiá-los com a cura física. Mas o livro é chuva que fertiliza lavouras imensas, alcançando milhões de almas. Rogo aos amigos a suspensão destas reuniões a partir desse momento.

Pelo visto, a espiritualidade só permitiu essas materializações para atrair o interessa para a doutrina espírita. De fato, não faz muito sentido espíritos ficarem se exibindo para satisfazer a curiosidade humana, a menos que isso sirva para que os humanos se interessem em estudar, progredir, mudar suas atitudes menos nobres, e foi por isso que depois disso Chico se dedicou apenas a psicografar. E psicografou muito.


O CASO OTÍLIA

A proibição não o impediu de assistir a casos de materialização. Foi o que ele fez em 1963, ao acompanhar as aparições advindas da médium Otília Diogo. Uma das que mais apareciam era uma freira, a "Irmã Josefa".
Repórteres da revista O Cruzeiro foram chamados a acompanhar os trabalhos em duas oportunidades, no final de 63 e começo de 64, mas a sanha por sensacionalismo da revista fez com que os repórteres agissem de má fé, criando um verdadeiro escândalo de proporções nacionais e que levanta dúvidas nos espíritas até hoje.

Dúvidas que o livro Materializações de Uberaba, de Jorge Rizzini, pretende esclarecer. Segundo ele, o livro "retrata, com riqueza de detalhes, a campanha da revista O Cruzeiro que transformou propositalmente em farsa as famosas materializações da freira de Uberaba. Chico Xavier e 19 médicos viram-se envolvidos em um escândalo que abalou o movimento espírita mundial. Este livro histórico de Jorge Rizzini restaura a verdade. Reproduz os debates na TV e o laudo da Polícia Técnica de São Paulo que refuta o da Polícia do Rio de Janeiro."

Acompanhemos todo o caso, passo a passo, para podermos tirar nossas próprias conclusões:


O QUE EU VI EM UBERABA ATRAVÉS DE OTÍLIA DIOGO

Extraído do livro Materializações em Uberaba, de Jorge Rizzini. Ed. Livro Fácil - Nova Luz Editora. Fotos de Nedyr Mendes da Rocha (quem puder obter a edição de 1964, da Edicel, terá melhores fotos do que a atual)



Ectoplasma saindo da boca (blerg!) do médium Antônio Alves Feitosa e formando a aparição de Irmã Josefa, em Uberaba, 1965, na presença de Chico Xavier. Otília Diogo também aprticipou, e se encontrava sentada dentro da cabine.
Dias após fazer publicar em um semanário de São Paulo uma reportagem sobre Dna. Otília Diogo e as materializações através de sua mediunidade (éramos, então, chefe de reportagem da Edição Extra) foi o autor deste livro convidado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira a assistir, em Uberaba, sessões com a referida médium de efeitos físicos. Era o primeiro contato que teríamos com Dna. Otília Diogo, e ansiávamos por ele. Minha incumbência específica era registrar em um documentário cinematográfico o encontro da médium com os médicos, com Chico e Waldo, etc. e, assim ampliar a Filmoteca Allan Kardec, criada por nós.

No dia marcado, em companhia do psiquiatra Alberto Calvo, dirigi-me a Uberaba, levando comigo a aparelhagem de filmar. A sessão a que assisti foi realizada no pequeno consultório médico de Waldo Vieira. E em condições capazes de evitar possibilidade de fraude. Rigorismo absoluto, inclusive entre os próprios médicos. Basta recordar que a ninguém foi permitido entrar na sala dos trabalhos trazendo lenço e nem relógio no pulso. Ainda mais: fomos obrigados a entrar na sessão sem paletó... e sem gravata! Quanto a médium Otília Diogo, devia trocar de roupa: ao invés do vestido colorido, que usavam, devia ela vestir uma camisola negra, exclusivamente. A cautela se justificava: é que o espírito de Irmã Josefa se materializa como freira, vestida totalmente de branco. A jornalista associada, Wanda Marlene, foi incumbida pelos médicos de acompanhar dna. Otília Diogo ao compartimento contíguo ao consultório e fiscalizar, também, a troca de roupa. Era a primeira vez que a jornalista se defrontava com a médium.

No consultório do médico Waldo Vieira estavam instaladas nove máquinas fotográficas: os espíritos que porventura se materializassem seriam fotografados em nove ângulos diferentes para exame e confronto. No teto, o flash eletrônico. Viam-se, também, barômetros, balanças, etc. Frente às cadeiras, dispostas em fila para os assistentes, uma jaula de aço confeccionada em Uberaba; idêntica às que se vê nos jardins zoológicos e da qual (sem exagero) nem mesmo uma pantera ou um leão poderiam escapar. Jaula esta destinada aos médiuns.

Após verificação da temperatura do ambiente e pesagem de todos os presentes, foram introduzidos na referida jaula Otília Diogo, coberta por uma camisola de cor negra, e o Sr. Feitosa. Em seguida foram amarrados pelos próprios médicos. Nos pés, foram colocadas fortes correias com cadeados; nos pulsos, ao invés de correias, algemas policiais prendendo também o braço da cadeira. Algemas do tipo espanhol: quanto mais o preso procura libertar-se, mais apertam os pulsos.

Penalizou-me ver Dna. Otília Diogo naquela situação humilhante: vestida com roupa preta, dentro de uma jaula e algemada, como uma criminosa. Mas, a mesma pedira aos médicos rigor excessivo na fiscalização de sua pessoa, e esse pe-dido ela o fez com espontaneidade admirável, pois médium autêntica que é, sujeita-se a tudo, sem nada temer. Tudo pronto, os médicos sentaram-se em seus lugares. Waldo Vieira leu um trecho do Evangelho, abrindo em nome de Deus a reunião e, em seguida, foi apagada a lâmpada do consultório. A sala ficou em escuridão total.

A pedidos, Francisco Cândido Xavier, ao nosso lado, fez uma lindíssima prece, citando várias vezes o nome de Jesus. Terminada esta, a expectativa pareceu crescer. Algo aconteceria ou não? O mundo espiritual se faria presente ali?

Acredito que todos estivessem duvidando. Quanto a mim acostumado a ver embusteiros fantasiados de "fenômeno", confesso que, não sei porque, não acreditava nos dons mediúnicos de Dna. Otília... E muitíssimo menos nos do Sr. Feitosa. Aquelas algemas policiais... A jaula zoológica... Os dezenove médicos, todos atentos com os olhos arregalados...

Mas, para grande espanto nosso, de súbito ouvimos no lado esquerdo da jaula, onde se encontrava Dna. Otília Diogo, ruídos estranhos... Ruídos guturais. Deram a impressão de alguém estava a extrair algo da boca da médium. Dna. Otília gemia. Era o transe que se iniciava. Segundos depois, começou a liberação do ectoplasma; não apenas pela boca, mas também pelos ouvidos e nariz. Agora , o ruído que chegava até nós modificou-se: palavras initeligíveis passaram a ser proferidas. Palavras gritadas. Evidentemente, o espírito manifestante estava a experimentar a garganta recém-formada com o ectoplasma fornecido pela médium.




Materialização de Irmã Josefa. Clique aqui para ver mais fotos
Que estava por suceder? E, imediatamente, mãos invisíveis puseram em movimento a vitrola localizada fora da Jaula e, ato contínuo, sob a luz de uma pequenina lâmpada vermelha, diante dos dezenove médicos surgiu a materialização total do espírito de Irmã Josefa: magnífica, toda vestida de branco, com roupa de freira. Trazia uma luz na fronte e no tórax.

- Viva Jesus! - disse ela, alegre, e sua voz com timbre brilhante e, no entanto, suavíssimo (oposto ao da médium) ecoou pelo consultório.
- Viva Jesus! - responderam todos, deslumbrados com o fenômeno.
E Irmã Josefa tornou a repetir, com seu sotaque alemão:
- Viva Jesus!
E esparziu sobre todos gotas de perfume. O ambiente parecia etéreo, não obstante vinte e poucas pessoas respirando e transpirando dentro de uma pequena sala hermeticamente fechada a cadeados.
- Sabem porque estou aqui entre vocês, meus filhos? Para dar provas de que a morte não existe. Provas verdadeiras de que todos vocês são imortais.

E Irmã Josefa, mostrando-se muito feliz, deu em verdade provas magníficas. Permitiu dezenas de fotografias; entre elas, várias curiosas, como por exemplo, uma que mostra seu corpo ectoplásmico sendo interpenetrado pelas grades da jaula. Outro fenômeno curioso, foi o transporte de três fitas coloridas para o consultório. Essas fitas de pano foram colocadas na palma da mão de Chico Xavier e, entre Chico Xavier e Irmã Josefa havia uma distância de, pelo menos, três metros; o espírito, no entanto, para colocar as fitas na mão de Chico Xavier, não caminhou um passo! Seu braço ectoplásmico é que se alongou.
Nessa noite memorável, também se materializou através de Dna. Otília o espírito de Alberto Veloso, ex-médico da marinha. Materialização integral. Antes, fez-se anunciar no recinto esparzindo gotas de éter. Foi inúmeras vezes fotografado. Também o espírito de uma criança, sem se deixar ver, conversou com os presentes. Em seguida, materializou uma gaita e tocou-a, permitindo que nós outros (inclusive eu) a examinássemos. A gaita teria uns quinze centímetros de comprimento e cinco de altura.

Por tudo o que nos foi dado ver, podemos afirmar: dna. Otília Diogo nos faz lembrar as médiuns do passado Eusápia Paladino, que também era analfabeta, Mme. D'Esperance nos seus grandes momentos de mediunidade. Principalmente, D'Esperance; inclusive, pela sua comovedora simplicidade, fora do normal. Infelizmente, Antônio Alves Feitosa, dentro da jaula algemado, nada pode oferecer aos médicos no complexo campo da mediunidade.

Esse trabalho em Uberaba, dias depois foi repetido na residência do autor deste livro. Mas, em condições privilegiadas: não foi necessário o uso intermitente da lâmpada vermelha, que as materializações de Alberto Veloso e Irmã Josefa, em nossa sala de visitas, se verificaram sob a luz branca, indireta e contínua. Iluminação excessiva; e, no entanto, Alberto Veloso, nessa noite, apresentou-se diante de nós sem véus. Com uma nitidez espantosa.

Aqui termina o que podemos chamar de primeira fase do nosso histórico. Foi ela redigida a fim de que o leitor se inteire de fatos paralelos ao escândalo de O Cruzeiro e tome conhecimento de detalhes que vão esclarecer (ainda mais) certas questões que adiante serão levantadas.


OS REPÓRTERES DA REVISTA O CRUZEIRO EM UBERABA


Agora, é chegado o momento de tocarmos em um ponto fundamental: o intrometimento da revista O Cruzeiro nas experimentações de ectoplasmia, em Uberaba.

A primeira reportagem (a favor das experiências) com catorze páginas ilustradas, traz a assinatura de José Franco e foi feita com o sentido de conquistar a simpatia dos dezenove médicos que examinaram a médium Otília Diogo. Essa primeira reportagem, porém, nasceu como?

Por incrível que pareça, de um programa de televisão... O repórter assistiu ao programa organizado por Wanda Marlene na TV Itacorumy, ouviu o depoimento de alguns médicos, viu diversas fotografias pelo vídeo e foi aos estúdios buscar o material para a reportagem, que recebeu o nome de "Fenômenos de Materialização".

Aqui começa a irresponsabilidade da revista O Cruzeiro: publicar uma vasta reportagem sobre materialização de espíritos, ilustrada com quinze fotografias, algumas ocupando página inteira, sem que seu autor, José Franco, tivesse, pelo menos, conhecimento do local das sessões!

Absurdo, evidentemente, em se tratando de uma revista que pretende ser mais ou menos honesta. Mas, má fé já estava patente nessa primeira reportagem; porque José Franco, ao fim da mesma, deu destaque à seguinte "nota do repórter" e para a qual chamo a atenção do leitor:

"Não houve neste texto (escreve o repórter) do princípio ao fim, nenhuma frase que denunciasse a opinião do repórter. Esta será expedida em outra ocasião, se me for dada a oportunidade de presenciar, com os próprios olhos, as pesquisas que a numerosa equipe médica procede na cidade de Uberaba"

Os médicos (psicologicamente pressionados por essa reportagem) se viram obrigados a convidar José Franco para uma sessão experimental com Dna. Otília Diogo. José Franco respondeu que se faria acompanhar de uma testemunha, um outro repórter de nome José Nicolau. E a data da experimentação foi marcada, que já não era possível aos médicos voltar atrás... Se desfizessem o compromisso, fatalmente seriam massacrados pela revista como "embusteiros", etc.

No dia da sessão, porém, tiveram os médicos uma surpresa: ao invés de apenas José Franco e uma testemunha José Nicolau, surgiu em Uberaba, vindo do Rio de Janeiro, um bando de repórteres e fotógrafos, "para assistir aos trabalhos".

É evidente, portanto, que a trama de O Cruzeiro já estava preparada.

Era impossível recuar; e os médicos, sem saber o que iria acontecer (mas, apoiados espiritualmente com a presença de Chico Xavier) entraram no consultório de Waldo Vieira acompanhados de Jorge Audi, Henri Ballot, José Franco, Mário Moraes, Paulo Miranda, José Nicolau e Nilo Oliveira. Ao todo, sete repórteres e fotógrafos de uma revista sensacionalista. Participaram, também, dos trabalhos Cleusa Soares e a valorosa Wanda Marlene, ambas da TV Itacolomy, de Belo Horizonte. (A sessão foi realizada na noite de 3 de janeiro de 1964).

O que foi essa sessão, vamos narrar agora; sem minúcias, mas com base em depoimentos.

Estavam presentes no consultório do Dr. Waldo Vieira (local da experimentação) treze médicos, alguns professores de faculdades. Eram eles: Dr. Eurípedes Tahan Vieira, Dr. Cleomar Borges de Oliveira, Dr. Adroaldo Modesto Gil, Dr. Alberto Calvo, Dr. Adelor Alves Gouveia, Dr. Waldo Vieira, Dr. Oswaldo de Castro, Dr. Elias Barbosa, Dr. Armando Valente de Couto, Dr. José Américo Junqueira de Mattos, Dr. Ismael Ferreira da Rezende, Dr. Milton Skaff e Dr. Sebastião de Mello, que dirigiu a sessão propriamente dita.

Treze médicos, mas a fiscalização foi entregue aos repórteres. Foi-lhes dada, para isso, ampla liberdade de ação. Começaram eles examinando, através de batidas, as paredes do consultório; depois, o teto, o piso, a porta. O ventilador e o exaustor também passaram por um revisão: por dentro e por fora. Nada de suspeito encontraram. Os próprios médicos foram revistados pelos Jornalistas; inclusive, os sapatos e, mais detidamente, os saltos de borracha...Talvez com uma pressão pulasse o salto do sapato de um médico mancomunado com Dna. Otília Diogo e surgisse o vestuário enorme da freira...

Quanto a Francisco Cândido Xavier, que participava da reunião apenas na qualidade de assistente, teve as roupas um pouco mais policialmente examinadas. Era tal a desconfiança que inspirava, que os bolsos de sua calça foram destruídos: alguém levantara a hipótese de que a vestimenta da freira poderia estar escondida na calça do médium mineiro...

Para completar a fiscalização, o próprio Dr. Adelor Alves Gouveia aconselhou que se colocasse no ombro de cada participante um pedaço de esparadrapo fosforescente a fim de evitar-se movimentos suspeitos no consultório. Isso também foi feito.

Médicos e consultório revistados com perícia pela equipe de repórteres, restava, agora, um exame completo em Dna. Otília Diogo. Já sabe o leitor que ela é uma senhora humilde, sem nenhuma instrução (não sabe sequer ler e escrever) e que a exemplo dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, se sujeita a qualquer tipo de experimentação; inclusive, a exigida pela equipe de O Cruzeiro...

Antes de entrar na sala dos trabalhos, foi ela submetida a um exame (por razões óbvias) feito pelo Dr. Ismael Ferreira de Resende. Em seguida, para evitar qualquer suspeita de fraude, convidada a vestir uma camisola negra, visto que a roupa da freira materializada é totalmente branca, dos pés a cabeça. Tanto o exame no corpo de Dna. Otília Diogo como a troca de roupa foram feitos na presença dos repórteres Mário Moraes e Jorge Audi. Absurdo, evidentemente, mas era preciso que a verdade espiritual se manifestasse límpida e cristalina naquela noite.

Comprovado que nada de suspeito havia no corpo e nas vestes da famosa médium, foi ela conduzida ao consultório onde todos a aguardavam. A cadeira destinada a médium era do tipo "espreguiçadeira". Estava solidamente fixada ao solo, pois fora chumbada com cimento! Tranqüila, dona Otília Diogo acomodou-se e os repórteres, imediatamente, procederam a sua prisão.

Nilo Oliveira, ex-reporter policial, comandou esse trabalho. Com grossas correias a médium teve as pernas presas aos pés da cadeira. Nas correias, cadeados; e, cobrindo a fechadura dos mesmos, teve ainda o arguto Nilo Oliveira o cuidado de colocar tiras de esparadrapo, todas elas com a sua rubrica. Mas, os repórteres não comem gato por lebre: o corpo de Dna. Otília não poderia ter movimentos livres...E fizeram uso de novas correias, as quais levaram a força o corpo da médium ao encosto da cadeira; prendendo essas correias, foram colocados novos cadeados envolvidos em esparadrapos, também rubricados por Nilo Oliveira. Pés e tronco presos, restavam apenas as mãos de Dna. Otília Diogo: para impedir-lhes qualquer ação, estava reservada uma algema policial, que foi colocada nos pulsos pelo ex-reporter policial.

Tudo em perfeita ordem, os repórteres, já combinados entre si, distribuíram-se, estrategicamente, pelo consultório. Paulo Miranda foi incumbido de policiar a porta da entrada. Quanto a Nilo Oliveira, recusou-se a ficar no consultório, explicando:
- Se alguma coisa aparecer aqui dentro, é porque veio do lado de fora. Eu e o nosso motorista ficaremos vigiando o prédio.

Fechada a porta, foram as lâmpadas do consultório apagadas.

Dr. Sebastião de Mello, após fazer uma breve explanação sobre os fenômenos que certamente iriam se verificar, pediu a Francisco Cândido Xavier que abrisse a sessão com uma prece.

A experimentação foi cronometrada pelo Dr. Adroaldo Modesto Gil e teve início, exatamente, às 21:05 hs. Cinco minutos depois, porém, já a notável médium entrou em transe: primeiro, gemidos, em seguida liberação do ectoplasma pela boca, ouvidos e nariz. As 21,20 hs. (dez minutos depois) surgiu o primeiro fenômeno: aspersão de perfume em forma de chuva leve sobre os repórteres (aviso de que Irmã Josefa iria materializar-se). Sete minutos após a "chuva", com espanto observaram todos o segundo fenômeno: uma luminosidade movimentando-se nas proximidades da médium, a qual se mantinha em sono profundo. A luminosidade continuou em movimento e um minuto depois foi constatado o terceiro fenômeno: uma voz feminina ecoou no consultório. Voz com timbre metálico, porém suave, meigo.

Os repórteres, é óbvio, começavam a assustar-se.

Sete minutos após a "voz direta", para espanto e admiração de todos, foi visto o quarto fenômeno, magnífico e notável: a aparição de uma forma feminina, vestida com um volumoso e complicado traje branco de freira, trazendo luz na fronte e no tórax. E no peito um crucifixo com cerca de dez centímetros de altura. Era Irmã Josefa.

O ambiente vibratório não era dos melhores, mas, ainda assim, Irmã Josefa se manteve materializada durante meia hora. Além das provas que precederam sua aparição tangível, deu ela ainda outras: conversou com os repórteres e fotógrafos durante trinta minutos, permitiu que lhe tocassem o corpo, deixou-se fotografar ao lado de Mário Moraes, Jorge Audi e José Franco.

A conversa inteira entre Irmã Josefa e os repórteres foi registrada no gravador do Dr. Eurípedes Tahan Vieira. A fita magnética foi emprestada ao autor desta obra, que a ouviu, atentamente. Durante a conversa, houve momentos curiosos. Como este, por exemplo : estavam sendo batidas fotografias, quando um dos fotógrafos disse a Irmã Josefa:
- Eu gostaria de tirar uma foto sua em pose especial. A senhora não quer abrir os braços?

Irmã Josefa captou imediatamente o pensamento do fotógrafo e respondeu, com seu sotaque alemão:
- Oh, que bonita... Está pensando que meu braço é braço de Otília...

E, abaixando a voz, acrescentou:
- Eu vou abrir os braços... Faço isso de coração. Pronto...

E, antes do flash explodir, Irmã Josefa exclamou, alegre:
- Viva Jesus!

Essa foto prova que Irmã Josefa é independente da médium; em termos, é óbvio.


Materialização total de Alberto Veloso no consultório do Dr. Waldo Vieira

A cara de assustado do repórter é simplesmente impagável...
Minutos depois de Irmã Josefa desaparecer, verificou-se no pequeno consultório o quinto fenômeno: de súbito, caiu sobre todos os presentes uma chuva leve de éter (prenúncio de que o espírito de Alberto Veloso iria também materializar-se). Um minuto depois, o fato deslumbrante foi visto. Como de costume, apresentou-se com barbas e vestido, por assim dizer, à moda oriental. Durante nada menos que quarenta minutos o ex-médico da marinha se manteve no ambiente. Foi inúmeras vezes fotografado. De pé e com os braços abertos. Em certo momento, para provar a Nilo Oliveira, que se encontrava do lado de fora, que algo de notável estava se processando dentro do consultório, jogou éter no exaustor. Ao respirar o éter, o repórter certamente pensou: "Dna. Otília conseguiu esconder um vidro de éter e nós não percebemos!" Ao terminar a sessão, Nilo Oliveira entrou no consultório e, bastante surpreso, encontrou a médium na posição exata em que a deixara: sentada, algemada e... presa com correias e cadeados. Libertou-a, depois de constatar, cuidadoso, que todas as tiras de esparadrapo que cobriam as fechaduras continham a sua assinatura. Mas um outro repórter não se conteve e quis examinar, mais uma vez, a roupa preta que os médicos haviam dado a Dna. Otília. Forçou-a, rasgou-a: a médium, na revista O Cruzeiro, aparece de soutien! Um dos fotógrafos bateu inesperadamente uma foto...

Ainda sob a emoção, diversos repórteres deixaram suas impressões sobre os fenômenos no gravador do Dr. Eurípedes Tahan Vieira. Vamos transcreve-las, integralmente, e na ordem cronológica, a fim de que o leitor possa compará-las com os depoimentos que, dias depois, publicaram na revista O Cruzeiro.

"Eu, Nilo Oliveira, posso declarar que algemei a Dna. Otília, médium que atuou nesta sessão, rubriquei e colei o esparadrapo na fechadura dos cadeados e tomei conta do exterior da casa onde se realizava esta sessão. Não observei absolutamente nada de anormal por fora. E terminada a sessão, penetrei na sala E ENCONTREI TUDO COMO HAVIA DEIXADO: a Dna. Otília algemada, tendo eu desfeito a algema, aberto os cadeados e encontrado as rubricas que havia feito anteriormente."

"Eu (diz agora Mário Moraes) repórter de O Cruzeiro, declaro que assisti uma experimentação realmente estranha: NUNCA HAVIA VISTO NADA IGUAL, e é lógico que não sendo estudioso da matéria, NÃO TENHO EXPLICAÇÃO PARA O QUE VI. Passo a partir desse momento a me interessar pelo problema: procurarei no futuro próximo talvez dar uma explicação para o fato."

"É difícil (confessa Henri Ballot) dar uma explicação... É a primeira vez que eu assisti a uma sessão assim... Eu fiquei SURPREENDIDO pelo fenômeno, que a primeira vista não se vê uma explicação plausível.... Deve haver uma, não há dúvida. Eu tenho algumas idéias a respeito disso. Mas não tenho autoridade para falar."

"Sinceramente (diz o repórter José Franco) após essa reunião não sei o que dizer; fiquei bastante IMPRESSIONADO COM O FENÔMENO, mas ainda tenho uma explicação a respeito."

"Eu assisti a uma dessas sessões realizadas em Uberaba (diz Audi) e é REALMENTE ESPETACULAR; nós procuramos de toda forma encontrar alguma falha, algum defeito, alguma coisa que pudesse denunciar anormalidade. E, naturalmente, vai depender de algum raciocínio e, se possível, uma outra oportunidade em que a gente possa ter mais chance de observar melhor o fenômeno. No momento, o que eu posso dizer é que, para mim, FOI UMA COISA INÉDITA! EU JAMAIS HAVIA ASSISTIDO COISA IGUAL, embora na vida de um repórter essas emoções são quase que diárias. Essas emoções novas e violentas são já um lugar comum na vida de um repórter. Posso afirmar que é realmente QUALQUER COISA ASSIM EMOCIONANTE. Agora, eu gostaria de ter mais contato e mais oportunidade PARA PODER FAZER UM RACIOCÍNIO MAIS ABSOLUTO."

Essas, as declarações dos repórteres logo após a sessão com a notável médium Dna. Otília Diogo.

Depois, porém....

O ESCÂNDALO DE "O CRUZEIRO" E A MISSÃO DE IRMÃ JOSEFA

A sessão de Uberaba parecia haver terminado bem; o depoimento vibrante dos repórteres, aliás, deixa evidente que os jornalistas ficaram profundamente emocionados com o que viram e ouviram na famosa experimentação com a médium Otília Diogo. Em verdade, Irmã Josefa deu aos repórteres algumas das mais importantes provas da imortalidade do espírito. No entanto, dias depois, a revista O Cruzeiro divulgou em todo o Brasil uma reportagem (primeira de uma extensa série) assinada por seis dos sete repórteres e intitulada... "A Farsa da Materialização": uma reportagem enorme, com catorze páginas, arrasando a médium, os médicos e as reportagens subsequentes, os repórteres se tornaram ainda mais agressivos (para efeito de sensacionalismo) e taxaram os médicos de mistificadores, levianos, escroques, petulantes, gangsters (...) etc.

Essa formidanda campanha de O Cruzeiro contra o Espiritismo teve a duração de quase três meses consecutivos! Ocupou onze números seguidos da revista! Nos onze números, foram gastas cerca de setenta paginas compactas... Ilustraram a campanha um total de oitenta e sete fotografias!

Foi, em verdade, o maior golpe sofrido pelo Espiritismo, por enquanto, em toda a América do Sul!

No grande escândalo, o nome venerável de Francisco Cândido Xavier Também foi envolvido.

Vejamos as principais acusações da revista O Cruzeiro que pretenderam transformar em farsa as materializações de Uberaba:

1) O espírito masculino de Alberto Veloso se materializa com seios
2) Em baixo do turbante de Alberto Veloso se esconde uma vasta cabeleira
3) O ectoplasma que sai da boca, ouvidos e nariz de Otília Diogo é um chumaço de pano branco
4) A roupa das formas materializadas é uma só
5) A roupa das formas materializadas apresentam marcas nítidas de confecção mecânica: sinais de dobragem e costuras
6) O fio da "roupa" de Irmã Josefa, encontrado após a sessão, não era fio ectoplásmico
7) Apenas a barba diferencia Otília Diogo de Alberto Veloso
8) Otília Diogo não é filha de Irmã Josefa, e sim de Dna. Maria Luisa Barbosa
9) Otília Diogo tinha os pés praticamente soltos, após a sessão.
10) Dr. Waldo Vieira não permitiu aos repórteres o uso de infravermelho
11) As algemas e cadeados eram de propriedade dos médicos
12) Os repórteres não examinaram, antes da sessão, o corpo e as vestes da médium Otília Diogo.
13) Nilo Oliveira não pode, a sua maneira, manietar a médium
14) Os Drs. Alberto Calvo e Oswaldo de Castro também manietaram Dna. Otília Diogo
15) Os repórteres não tiveram liberdade para escolher suas cadeiras na sala de experimentação
16) A vitrola, durante a sessão, não tocou (?)
17) O espírito de Alberto Veloso não fala
18) Irmã Josefa disse, em determinado momento, que tinha apenas um dado materializado, mas na verdade tinha ela os cinco
19) As roupas das materializações apresentam vincos e dobraduras
20) As materializações, sob a luz, projetam sombras nas paredes
21) As fotografias das materializações são truques grosseiros
22) Há coleta de dinheiro nas sessões científicas
23) Nos pés de Otília Diogo, pós a sessão de Uberaba, existiam resquícios do círculo de giz feito pelos médicos
24) Não foi permitida a prova do talco
25) Chico Xavier estava "falsamente inebriado" ao lado da Irmã Josefa, em uma fotografia
26) Waldo Vieira prometeu aos repórteres inúmeras sessões com a médium Otília Diogo
27) A virgindade de Irmã Josefa é indiscutível
28) Otília Diogo abandonou vilmente o marido e filhos
29) Documentos "oficiais" provam que a materialização de Uberaba é farsa

Antes de refutarmos as acusações (a maior parte refutada aqui), digamos que essas reportagens de O Cruzeiro abalaram profundamente os espíritas de todo o país e, por mais estranho que pareça, a convicção de alguns líderes... Não obstante, Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, dois médiuns notáveis e impolutos, colunas mestras da mediunidade no Brasil (instrumentos de Emmanuel e André Luís) estarem presentes à experimentação. Esse fato, por si só, deveria ser, pelo menos para os "líderes", uma garantia da autenticidade dos fenômenos. E, apesar dos espíritas, em geral, saberem, perfeitamente, que a revista O Cruzeiro sempre foi inimiga declarada e feroz da Doutrina de Allan Kardec. Ou será, santo Deus, que não nos serviu de lição a reportagem que David Nasser (hoje, um dos diretores de O Cruzeiro) fez há alguns anos ridicularizando Francisco Cândido Xavier e o Espiritismo ?!

Aproveitamos o momento para responder à pergunta, que, certamente, o leitor já formulou: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira já foram avisados pelos Guias espirituais que a sessão com os repórteres iria transformar-se em escândalo nacional?

A resposta, em se tratando de dois médiuns missionários e com grande responsabilidade na evolução do Espiritismo no Brasil, só poderia, evidentemente, ser esta: o mundo espiritual os avisou. Mas, não podiam recuar; porque os escândalos, em nosso planeta, são necessários...

Lembremo-nos de que o próprio Cristo serviu de escândalo.... para o bem do cristianismo!

Quanto a Irmã Josefa, podemos dar nosso testemunho de que também ela sabia do que estava por suceder; e, com antecedência de meses!

Recordo-me de que em Uberaba, quando ainda não nos passava pela mente o nome da revista O Cruzeiro, Irmã Josefa, materializada, dirigiu-se nestes termos a Wanda Marlene, da TV Itacolomy de Belo Horizonte e notável defensora do Espiritismo:
- Você, minha filha, vai ser soldado de Irmã Josefa. Você gosta de ser soldado de Irmã Josefa?

Naquele momento, ninguém entendeu nem deu importância as palavras proféticas de Irmã Josefa... Se as sessões de materialização, em Uberaba, estavam se processando na mais absoluta calma e tranqüilidade...

Também, em minha residência, em São Paulo, Irmã Josefa, plenamente materializada, disse, dirigindo-se a mim:
- Você vai ser mais que um soldado de Irmã Josefa.... Você gosta, Rizzini?

Respondi automaticamente que sim; não me ocorreu interrogar a entidade... Mas, um ou dois meses depois, abria a revista O Cruzeiro guerra contra Irmã Josefa e as experiências de Uberaba: e a verdade é que nós, e Wanda Marlene, na qualidade de soldados, entramos na luta - e na linha de frente!

Já agora, na mente do leitor, se delineia a difícil missão confiada ao admirável espírito de Irmã Josefa: sacudir (e trazer) a consciência de todo o povo brasileiro para os problemas fundamentais da imortalidade. Irmã Josefa, como vimos, estava perfeitamente consciente dessa missão. Missão árdua, repetimos, pois materializando-se, como freira, agitou o clero da terra e o clero do espaço... Para bem cumprir a missão (apoiada por Emmanuel e André Luís) tinha ela de, pacientemente, criar uma série de circunstâncias: aproximar a médium Otília Diogo de Chico Xavier e Waldo Vieira, cujos nomes já eram famosos no campo da mediunidade; reunir em Uberaba uma equipe médica que se responsabilizasse cientificamente pela sua materialização e de Alberto Veloso, espírito que podemos considerar como seu assistente. Mas, esse trabalho, apenas, não bastaria: era necessária a presença de divulgação! Agora, um outro detalhe importante que mostra a inteligência e a argúcia dos espíritos: a revista O Cruzeiro chegou em Uberaba representada não apenas por um jornalista, mas por uma equipe formada por... sete repórteres! Não se tem notícia de um tema para reportagem que exigisse a colaboração de tantos jornalistas...

Prontos os preparativos, presentes às materializações os sete repórteres da mais importante revista brasileira, os fenômenos se desenrolaram e... dias depois, a consciência popular foi violentamente despertada para os problemas espirituais; inclusive, a consciência dos espíritas adormecidos e vacilantes... e sem posição firmada!

Com a revista O Cruzeiro Irmã Josefa atingiu o objetivo. E o resultado, indiscutível, é que durante a publicação da extensa série de reportagens sensacionalistas todo o povo se interessou pelo Espiritismo; e como se vendeu no Brasil livro espírita - principalmente, os que relatam fenômenos da mediunidade! Quem o diz é o próprio Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira. Diversas edições se esgotaram em poucas semanas... Nesse sentido, o "caso Otília Diogo" nada fica a dever ao "caso Arigó".

Mas, paralelamente ao escândalo, era preciso promover a defesa da autenticidade das materializações de Uberaba, de acordo com o plano de Irmã Josefa. E, para alegria nossa, em um local de São Paulo, recebemos das mãos de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira o material de que necessitávamos: a fita magnética que contém as declarações dos repórteres, fotocópias, filmes, fotografias, etc. E, inclusive, a roupa especial que a médium Otília Diogo usava durante a experimentação, e que foi violentada.

Agora, restava-nos, apenas, cumprir a obrigação.

E foi o que fizemos, com a ajuda dos mentores espirituais.


Fim dos trechos do livro

Luciano do Anjos e Jorge Rizzini, em programas televisivos, desmascaram a fraude dos repórteres e expuseram tudo o que eles fizeram de errado. A desmoralização foi total, tanto que, num ato de desespero, até invocaram um repto de honra, que simplesmente foi desconsiderado pelos médicos, médium e Chico.

Seis anos depois, Otília Diogo foi presa com uma maleta recheada de roupas utilizadas nas "materializações". O hábito de irmã Josefa também estava lá. A transformista confessou até mesmo ter pago uma cirurgia plástica facial com exibições "espíritas" na casa do cirurgião. Atrás das grades, desta vez numa delegacia, ela explicou ter perdido a mediunidade em 1965, um ano após as sessões em Uberaba. Não se conformou e decidiu apelar para truques. Chico Xavier, em entrevista à revista O Cruzeiro, voltou a definir todo médium como "uma criatura humana, com defeitos, qualidades e anseios humanos". Para ele, havia os espíritas capazes de superar as vaidades e viver para o outro e havia, também, aqueles que não suportavam os baques "reservados por Deus como provação". O fato não inviabiliza a sessão de materialização que os repórteres e médicos testemunharam.


Referência:
Críticas à materialização de Otília respondidas e esclarecidas;
Mais casos de materialização de espíritos;
Materialização do bispo de SP;
Materialização (Ectoplasmia);
Casos de materialização;
O laboratório do mundo invisível: Modificação das propriedades da matéria elementar pela vontade do Espírito;
Análise do ectoplasma;
Sobre o ectoplasma;
Casos analisados por cientistas no Séc XIX
.
http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2006/07/materializacao.html