Para evitar privilégios aos católicos, hospital de Porto Alegre trocará símbolos sacros por imagens que lembrem a natureza
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A capela do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) vai deixar de ser um espaço católico para dar lugar a um ambiente laico, com a ausência de símbolos e imagens. Com base na Constituição, a instituição tomou a decisão para contemplar todas as crenças, mas criou controvérsia. Uma manifestação de fiéis contra a medida está marcada para hoje.
Segundo a assessora de comunicação do HCPA, Elisa Ferraretto, o convênio com a Associação Literária Boaventura, de Caxias do Sul – que administrava as cerimônias da capela –, foi rompido, e o local deve ser liberado até 30 de junho. A capela dará lugar ao Espaço de Espiritualidade, com imagens reverenciando a natureza.
– Sabemos que hoje existe uma tendência mundial em privilegiar a diversidade. Temos cerca de 5 mil funcionários de diferentes credos, era natural que isso acontecesse – explica Elisa, dando como exemplo os índios que frequentam o HCPA e o grupo de estudos afro-brasileiro ali sediado.
A notícia da mudança deixou desolado um grupo de frequentadores da capela. Formado na maioria por funcionários do hospital, eles devem se manifestar contra a decisão hoje, em frente ao local. O ato – que reivindicará outro espaço para os católicos – ocorrerá após reunião na Cúria Metropolitana.
O capelão Frei Marion Kirschner evitou dar entrevista, mas não conseguia esconder sua tristeza. Ele se emocionou ontem à tarde ao doar uma imagem de Nossa Senhora que estava no local. Frequentadora da capela há décadas, Edith Guedes Fortes, 81 anos, também ficou desolada.
– Acredito que o local deveria ser ecumênico, com a união das religiões e não com a retirada delas. O espaço para católicos deve ser mantido, porque é uma tradição no país ter representação católica nos hospitais. O povo já está acostumado com isso. Não queremos que isso se perca.
A decisão foi tomada depois de 7 de abril, quando a diversidade de crenças foi discutida em uma palestra. Segundo Elisa, a administração do Clínicas se baseou no artigo 19 da Constituição, que estabelece que órgãos públicos não podem incentivar uma única religião em detrimento de outras.
– Começamos a estimular o debate, pedindo que as pessoas mandassem sugestões e decidimos ir além de um espaço ecumênico. Para não deixar ninguém de fora, optamos por um local neutro – afirma.
Elisa explica que a mudança não alterará a assistência religiosa, como a extrema-unção. A diferença é que ela deverá ser feita por religioso que venha especialmente para o sacramento.
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sábado, 31 de julho de 2010
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1 comentários:
Decisão acertada do Hospital. O espaço pode ser utilizado por crentes de qualquer religião para orar, já que isto não requer a presença de imagens ou símbolos de nenhuma religião. Se alguém crê que há um Deus que atenda suas preces, ele o fará em qualquer circunstância ou local, independentemente da existência de símbolos religiosos.
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