Elizabeth Blackburn, cientista ganhadora do Nobel de Medicina, em seu laboratório nos EUA
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Foi a partir da observação de que mães de crianças com doenças crônicas pareciam mais velhas do que as com filhos saudáveis que a bioquímica australiana Elizabeth Blackburn iniciou a investigação que a levaria a ganhar o Prêmio Nobel de Medicina, em 2009, dividido com Carol Greider e Jack Szostak.
Juntos, eles descobriram como os cromossomos (as estruturas enoveladas que abrigam o DNA) podem ser copiados de forma completa durante o processo de divisão celular e como se protegem da degradação.
A solução está nas pontas dos cromossomos, os ditos telômeros, e na enzima que os "monta", a telomerase.
Blackburn os compara ao cadarço de um tênis. Os telômeros são as pontas, que impedem o desgaste. À medida que envelhecemos, os telômeros sofrem um desgaste lento e natural. No entanto, o estresse crônico pode acelerar esse processo, alertou Blackburn durante palestra no encontro com os premiados do Nobel, que acontece em Lindau (Alemanha).
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"Muitas das doenças do envelhecimento, como problemas cardiovasculares e diabetes, são associadas ao encurtamento dos telômeros", explicou a pesquisadora.
A boa notícia, segundo ela, é a possibilidade de prevenir, pelo menos em parte, a aceleração desse fenômeno.
"Uma vida estressada e a exposição a múltiplos traumas têm uma relação direta com o encurtamento dos telômeros, assim como a hostilidade e o pessimismo", diz.
Blackburn aposta que educação, exercícios e redução do estresse possam frear esse processo e reduzir o risco de doenças no futuro.
INSPIRAÇÃO
A linha de pesquisa que culminou no Nobel de Blackburn começou anos atrás, quando ela e a psicóloga Elissa Epel, que estuda o estresse crônico, desenvolveram um estudo que avaliou dois grupos de mães. Um deles envolvia crianças normais e saudáveis e outro englobava mães que tinham filhos com doenças crônicas.
Foram feitas medições fisiológicas e psicológicas nos dois grupos e se descobriu que, quanto mais as mães tinham que cuidar de seus filhos doentes crônicos, mais estressadas elas estavam. Essa situação também resultava em telômeros mais curtos e em menor capacidade de reparação via telomerase.
"Pudemos ver claramente, pela primeira vez, a causa e o efeito de uma influência de fatores não genéticos. Os genes desempenham um papel nos níveis de telomerase, mas, dessa vez, era um fator externo, o estresse, que estava afetando a sua capacidade de se reparar", explicou.
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http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/936911-reducao-de-estresse-pode-deter-dano-a-cromossomos-diz-ganhadora-do-nobel.shtml
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