Pôster do filme “Criação” (Creation) - baseado no livro “Annie’s Box”, escrito por Randal Reynes, tataraneto de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Epidemias ajudaram Europa a dominar as Américas, mostra "Doenças e Curas"

Pesquisadora nos mostra a história do Brasil sob a ótica das doenças


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Historiadores concordam que a invasão da América pelos europeus foi possível basicamente por dois motivos: tecnologia bélica e doenças. Mais do que as armas, os conquistadores --um grupo relativamente pequeno de homens do outro lado do mundo-- dominaram um continente de milhões graças à fragilidade imunológica dos nativos. Uma epidemia de varíola, por exemplo, impediu resistência armada de astecas contra espanhóis.
A mortalidade causada pelas enfermidades oriundas da Europa não tem precedentes na história. A tragédia dos ameríndios foi comum em todo o continente, de norte a sul. Frente aos dados históricos, a pesquisadora médica Cristina Gurgel procurou identificar quais foram os fatores que determinaram o fenômeno inédito.

Em "Doenças e Curas", Cristina esclarece que nem mesmo a medicina europeia era capaz de deter a propagação das moléstias. A pesquisa aponta para o isolamento geográfico no continente como um dos fatores determinantes para o efeito biológico.

Publicado pela editora Contexto, o livro conta como era realizado o diagnóstico e o tratamento nos primeiros séculos da colonização.

Leia, abaixo, um trecho de "Doenças e Curas".

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O Novo Mundo mudara para sempre com a vinda dos colonizadores. A integração de pelo menos três diferentes povos - o europeu, o indígena e o africano -, natural ou forçosamente, causou hábitos, crenças, comportamentos que caracterizaram o brasileiro de então. Óbvio mencionar que isso também ocorreu com as práticas médicas. Vítimas de doenças tanto nativas quanto estrangeiras, os habitantes tiveram que se adaptar a viver sem médicos formados, medicamentos da farmacopéia oficial portuguesa, hospitais. As doenças não apenas influenciaram a saúde física e mental e a sobrevida da população colonial, mas também o nível socioeconômico, político e cultural, no período de construção do Brasil que se iniciou nos séculos XVI e XVII.

Vale aqui um pequeno parêntese: convencionamos chamar de Brasil todos os territórios ocupados por povos indígenas, os colonizadores e seus descendentes, que estiveram locados nos limites geográficos atuais do país. Essa observação é pertinente porque um dos objetivos deste livro era pesquisar informações e fatos anteriores ao descobrimento (no caso dos indígenas) e sobre a população colonial dos séculos XVI e XVII, ínfima e locada em pequenas porções no litoral. A rigor, foi apenas após o Tratado de Madri, firmado em 1750 entre Espanha e Portugal, que nossos limites territoriais se aproximaram dos modernos. O Brasil, como unidade política e administrativa, surgiu somente durante o período imperial, resultado da emancipação e união de todas as colônias portuguesas no continente.

A virtual falta de informações sobre saúde e medicina de um Brasil nascente é fato na literatura atual. Estava aí uma lacuna que deveria ser preenchida e este livro, longe de esgotar o assunto, discute e traz luz a diversos aspectos peculiares dos primórdios de nossa história

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http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/810311-epidemias-ajudaram-europa-a-dominar-as-americas-mostra-doencas-e-curas.shtml

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