sábado, 16 de outubro de 2010
O Estado Laico de joelhos
.
Na prática, um Estado laico deveria tratar questões da sociedade sob um viés puramente técnico e baseado numa ética universal que não privilegie uma religião em detrimento de outra. Não vamos entrar no mérito sobre a “ética universal”, já que a pluralidade de idéias quase inviabiliza este conceito. Ainda assim, a isenção religiosa dos atos do Estado deve ser mantida.
O Brasil em muitos aspectos pode ser considerado um Estado laico, mas estamos longe de segregar completamente a religião da política. Prova disso é a notícia abaixo:
O presidente da federação evangélica de Santa Catarina, o pastor Evanir de Moura, presente no encontro, explicou que a ideia dos pastores era apresentar os seus fieis, que representam cerca de um terço da população brasileira,“as reais posturas da candidata petista”.
Nesse sentido, os evangélicos deverão anunciar por meio de um manifesto, um compromisso de apoio à candidata e esperam o mesmo da postulante ao Palácio do Planalto com relação ao seu posicionamento sobre temas polêmicos. (Fonte: UOL)
Desde quando compete a um escriba milenar decidir, hoje, se um casal homossexual pode ou não se casar?
O futuro presidente está, desde já, compromissado com evangélicos a não realizar projetos que eles, os crentes, julgam ser contra os preceitos da religião deles. Isso mostra a força que aqueles “inofensivos” pastores evangélicos foram ganhando. Mostra como a religião pode ser facilmente usada para manipular as massas. Mostra COMO é importante a luta de humanistas por uma sociedade mais justa e igualitária.
Desde quando compete a um escriba milenar decidir, hoje, se um casal homossexual pode ou não se casar? Por que uma criança deveria parir e criar o filho de um estuprador apenas para saciar a verdade não necessariamente dela, mas de uma denominação religiosa qualquer? Por que eu, um ateu, devo me submeter a uma lei criada e redigida sob encomenda para um grupo religioso qualquer? Ora, a Constituição não prega um Estado laico? Que Estado é esse que se ajoelha em frente ao altar, beija a mão do sacerdote e diz “amém” em troca de votos?
Afinal, qual é a constituição do Brasil? Aquela redigida em 1988 pelo povo brasileiro, ou um livro esotérico escrito há séculos atrás?
Qual será a próxima jogada dos clérigos? Devemos reabrir o tribunal do Santo Ofício e queimar hereges? Pela bíblia, pode. Devemos criar um feriado semanal nacional obrigatório, onde nem shopping e nem hospital abrem, para cumprir o dia de descanso que o deus da mitologia cristã exige (senão, você pode até ser morto)? Pela bíblia, pode. Devemos abolir a campanha pelo uso de preservativos? Pela Igreja, devemos. Devemos condenar definitivamente todos os homossexuais à morte? Pela bíblia, devemos.
Afinal, qual é a constituição do Brasil? Aquela redigida em 1988, baseada nos costumes, tradição e vontades de um povo e de uma nação que ainda é jovem? Ou aquele livro inventado por um concílio de esotéricos há mais de 1600 anos que compilaram o que ELES acharam ser a verdade sobre sua própria fé?
Penso assim. O deus da mitologia cristã-judaica-islâmica é todo poderoso. Vamos fazer nossas leis baseados nas necessidades da terra, não do desconhecido céu. E se ele (deus) se zangar com algum transgressor, rezemos todos para que ele envie um raio nesta pessoa e a puna devidamente. Ou será que os religiosos não estão assim tão convencidos que seu deus mandaria um raio do céu…?
.
http://bulevoador.haaan.com/2010/10/14/o-estado-laico-de-joelhos/
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário