O estranhável é que até agora, neste avançado ano de 2010, ainda houvesse num hospital público um templo exclusivo da igreja romana. Em tempos de ecumenismo, quando o próprio Papa procura aplainar conflitos com os evangélicos e com os ortodoxos, com os israelitas e com os muçulmanos, é surpreendente que fiéis e clérigos de Porto Alegre pretendam manter privilégios de religião oficial.
Foi a República que pôs um fim à religião de Estado, inserindo em sua Constituição a norma de que “nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial nem terá relações de dependência ou aliança com o governo da União, ou dos Estados”. Acabou-se então o regalismo, que autorizava o imperador a interferir na hierarquia católica, que permitia aos poderes provinciais criar paróquias e extingui-las, e que transformava os párocos em funcionários públicos. Apesar desses estreitos vínculos, ou em função deles, a Justiça imperial terminou processando bispos e levando-os até ao cárcere. De modo que a separação entre a Igreja e o Estado foi saudada pelos católicos mais lúcidos como um passo à frente no sentido das liberdades da Igreja. Não por acaso, a separação já fora defendida até por Joaquim Nabuco ao tempo da monarquia.
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1 comentários:
Vamos cantar um Rock Ateu então lá!!!!
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