Pôster do filme “Criação” (Creation) - baseado no livro “Annie’s Box”, escrito por Randal Reynes, tataraneto de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Estudo desmente teorias sobre desaparecimento do cromossomo Y

As teorias de que os homens eventualmente vão desaparecer porque o cromossomo Y, que determina a masculinidade, está encolhendo estariam muito erradas, segundo um estudo genético publicado nesta quarta-feira.
O cenário da condenação dos homens ganhou destaque quase uma década atrás quando os cientistas descobriram que o cromossomo masculino tinha se reduzido drasticamente. Ele passou de um super-Y com mais de 1.400 genes, há centenas de milhões de anos, para um pequeno e nodoso cromossomo com apenas dezenas de genes.
Essa descoberta levou a pensar que o Y estava em apuros. Os humanos poderiam acabar como as ratazanas toupeiras transcaucasianas, um pensamento preocupante. Mamífero cujo cromossomo Y foi vencido pela pressão evolucionária, a ratazana toupeira se diferenciou em duas espécies, um das quais não possui o cromossomo Y. Como o gênero de sua prole é determinado ainda é um mistério.
No pior cenário, os homens desapareceriam sem meios artificiais para garantir a continuidade do sexo masculino ameaçado. Algumas vozes apocalípticas dizem que isso poderia acontecer em cerca de cinco milhões de anos e outras em apenas 125 mil anos, com o cromossomo Y seguindo o caminho do pássaro extinto Dodo.
Mas o novo estudo diz que a diminuição dos cromossomos Y ocorreu em um passado muito distante e que o cromossomo tem se mantido maravilhosamente estável há milhões de anos. O genoma humano tem 22 pares de cromossomos mais um par que determina o sexo. Se você é uma mulher, tem dois cromossomos X; se você é um homem, um X e um Y.
A nova evidência vem de uma comparação do cromossomo Y humano com o do macaco rhesus - um famoso macaco do Velho Mundo cujo caminho evolucionário se diferenciou dos humanos e chipanzés cerca de 25 milhões de anos atrás. O cromossomo Y do rhesus não perdeu um único gene ancestral em todo esse tempo, disse o estudo.
Em comparação, o Y humano perdeu um gene ancestral, o que aconteceu em um minúsculo segmento que corresponde a apenas três por cento do cromossomo inteiro. "Sem a perda dos genes do Y do rhesus e um gene perdido no Y humano, está claro que o Y não vai a lugar algum", afirmou Jennifer Hughes do Whitehead Institute for Biomedical Research do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
O chefe de Hughes, David Page, disse que tem combatido a noção de "declínio do Y" nos últimos 10 anos e acredita que o novo estudo "simplesmente destrói" a teoria. "Eu não posso dar uma palestra sem ser questionado sobre o desaparecimento do Y", reclamou. "Esta ideia tem sido tão persuasiva que tem nos impedido de avançar em questões realmente importantes sobre o Y", afirmou.
Antes de eles se tornarem cromossomos sexuais especializados, o X e o Y eram essencialmente como os cromossomos comuns e costumavam trocar genes com qualquer outro, um processo chamado cruzamento que ajuda a eliminar mutações perigosas e manter um amplo conjunto de genes, de acordo com a equipe de Page. Mas o cruzamento X-Y parou, fazendo o cromossomo Y perder rapidamente dezenas de genes indesejados em cinco etapas. "Então ele se nivelou e ele vem fazendo isso muito bem desde então", concluiu Page.
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