Pôster do filme “Criação” (Creation) - baseado no livro “Annie’s Box”, escrito por Randal Reynes, tataraneto de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Conversão de cristã ao Islã inflama os ânimos de fiéis egípcios

A história de Camilia Shehata, desaparecida há dois meses por ter se convertido do cristianismo ao islamismo, pôs em evidência a intolerância religiosa e a dificuldade para mudar de religião no Egito.

Nas últimas semanas, seu caso se transformou em notícia nacional e em pretexto para a organização de manifestações por parte de coptas (cristãos do Egito) e muçulmanos, que culpam uns aos outros pelo desaparecimento.

Camilia, 25 anos, se converteu ao Islã no início deste ano e desapareceu em julho, quando foi se registrar na mesquita de Al-Azhar, uma das principais instituições do islamismo sunita, segundo depoimento do xeque Abu Yehia, que a ajudou a se tornar muçulmana.

Abu Yehia contou à imprensa egípcia que, no momento da conversão, Camilia foi detida pelas forças de segurança e levada a um mosteiro, acusação negada pela Polícia e pelas autoridades religiosas.

Embora o único fato evidente até agora seja que Camilia está desaparecida, cada credo tem a sua versão: enquanto alguns coptas asseguram que ela nunca quis se converter, há muçulmanos que defendem que a mulher foi raptada e castigada pela Igreja por ter assumido sua devoção ao Islã.

De acordo com a diretora do Congresso Americano-Islâmico, Dalia Ziada, "é muito estranho como os dois grupos levaram a situação a este grau".

De fato, "já não se trata de Camilia, mas de demonstrar que uma religião supera a outra. É o ódio que foi introduzido nos corações dos egípcios durante os últimos anos devido ao aumento de islamitas fundamentalistas e de extremistas coptas", disse a ativista à Agência Efe.

Apesar do caso de Camilia, o advogado copta Naguib Gobraiel explicou que, legalmente, os cristãos têm mais facilidade para mudar de religião que os muçulmanos, embora sofram igual pressão de suas famílias e comunidades, que podem chegar a excluí-los de seu círculo.

"Ambos os lados sofrem", observa Dalia. "As pessoas e as instituições eclesiásticas armam um escândalo contra qualquer um que mude de religião, e o Governo faz pouco para protegê-las".

Gobraiel, que não acredita que Camilia tenha se convertido e atribui a polêmica a meros rumores, indicou que o Egito "tem uma lei desigual, que castiga os muçulmanos que querem ser cristãos e, ao mesmo tempo, permite a conversão ao contrário, sem problemas".


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