WASHINGTON - Quando o presidente Barack Obama disse, na entrevista coletiva da sexta-feira, que "dificilmente acha que foi o governo que agravou" o caso do pastor da Flórida que planeja queimar o Alcorão no aniversário do 11 de Setembro, deixou uma pergunta no ar.
Será que foi a imprensa?
A cobertura do caso deixou o país num verdadeiro frenesi. Todos os canais de notícias passaram os últimos dias seguindo o pastor Terry Jones, que afirmou que queimaria 200 exemplares do livro sagrado no sábado. Jornais e blogs o mantiveram nas manchetes.
Jones não merecia um milésimo da atenção por sua importância ou representatividade nos EUA _tem no máximo 50 seguidores em uma cidadezinha de menos de 150 mil habitantes. Mas o pastor virou uma história quente, muito quente.
Esquisito, obscuro, marginal, já foi expulso de uma congregação na Alemanha por extremismo contra muçulmanos. Ficou indo e vindo em suas promessas incendiárias. E acabou mantendo os americanos reféns.
Depois que a história rodou o mundo, claro que teve repercussões. Protestos no Afeganistão tiveram até mortes. Praticamente todo o comando do Pentágono veio a público falar dos riscos de retaliações contra soldados e até civis americanos no exterior.
Mal dá para saber a essa altura como a história começou a chamar tanta atenção. A imprensa aponta para o general David Petraeus, comandante das forças americanas em solo afegão, o primeiro alto líder a condenar os planos do pastor. É verdade que, quando ele falou, ficou impossível ignorar a história. Não dava mais para parar de cobrir.
E a coisa cresceu como bola de neve, envolvendo outro caso polêmico _e de cobertura talvez mais legítima: a da construção de uma mesquita a dois quarteirões do Ground Zero, em Nova York, onde ocorreram os ataques do 11 de Setembro contra as Torres Gêmeas.
Mas a pergunta permanece: a cobertura foi longe demais? Será que seria possível, como sugeriu a secretária de Estado Hillary Clinton, não transmitir o desenvolvimento do caso "por patriotismo"? Deixo para o leitor opinar.
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http://pelomundo.folha.blog.uol.com.br/arch2010-09-05_2010-09-11.html#2010_09-10_22_52_57-147702225-0
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
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