Manifestantes protestam contra pena de morte de Sakineh perto da torre Eiffel, em Paris
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O Irã teria condenado Sakineh Mohamadi Ashtiani --mulher de 43 anos condenada à morte por adultério-- a receber 99 chicotadas na prisão por ter "propagado a corrupção e a indecência" após permitir a divulgação de uma foto sua em um jornal britânico.
A afirmação foi feita pelo filho dela, Sajjad, de 22 anos, e o advogado que representa a iraniana, baseados em relatos de detentas libertadas recentemente da prisão de Tabriz, onde Sakineh é mantida há quatro anos. As informações foram publicadas pela revista digital francesa "La règle du jeu" e o blog "Dentelles et Tchador", mas ainda não foram oficialmente confirmadas.
"O advogado de minha mãe, Hutan Kian, foi informado ontem por detentas da penitenciária que acabavam de ser libertadas", explicou Sajjad, que estava na cidade de Tabriz, noroeste do Irã. "Ele entrou em contato com o juiz independente da penitenciária, que confirmou a pena."
A fotografia em questão foi publicada em 28 de agosto pelo jornal britânico "Times". Era a fotografia de uma mulher sem véu, que foi apresentada como sendo Sakineh. Na verdade, era outra pessoa, e o jornal acabou pedindo desculpas aos leitores pelo erro, informa o "The Guardian".
A mulher retratada era Susan Hejrat, uma ativista política iraniana que vive na Suécia, cuja foto foi publicada na internet junto a um artigo que ela escreveu sobre o caso de Sakineh, o que pode ter gerado a confusão, explica o "Guardian".
"Segundo o que sabemos até o momento, a sentença de 99 chicotadas ainda não foi aplicada. Assim que recebi as desculpas do 'Times' pela foto identificada incorretamente, eu imediatamente informei o advogado e vamos entrar com uma apelação. Minha mãe não pode receber visitas nas últimas duas semanas, ninguém pode visitá-la, incluindo a família e até mesmo o advogado. Ela também não pode fazer ligações, e nós estamos completamente sem contato", disse o filho de Sakineh ao jornal britânico "Observer".
Na última quinta-feira (2), o filho de Sakineh afirmou que somente uma mobilização constante poderá salvar sua mãe, em uma entrevista ao jornal francês "Libération". "Eu lhes peço, não a abandonem. São vocês, uma vez mais, que nos têm nas mãos. Se não fosse por vocês, minha mãe já estaria morta", pediu Sajjad.
A condenação de Sakineh à morte por apedrejamento causou uma campanha mundial para evitar a punição, que foi temporariamente suspensa. "Mas suspensa não quer dizer anulada", insistiu Sajjad.
Para tentar salvar Sakineh, Lévy lançou uma petição que já conseguiu mais de 51 mil assinaturas, segundo o site laregledujeu.org.
O filho da iraniana descreve as condições "muito duras" de detenção de sua mãe em Tabriz, no oeste do Irã, onde "é submetida a interrogatórios incessantes por parte dos serviços de inteligência iranianos".
Como já tinham afirmado os advogados de Sakineh, Sajjad assegurou que sua mãe "foi torturada" antes de confessar, em 11 de agosto, em entrevista à TV estatal iraniana, que o homem com o qual tinha relações matou seu marido diante dela.
"As autoridades precisavam dessas confissões para pode reabrir a acusação de assassinato de meu pai", explicou Sajjad.
CASO SAKINEH
Mãe de dois filhos, Sakineh foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que Sakineh era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/794142-iraniana-sakineh-ashtiani-foi-condenada-a-receber-mais-99-chicotadas-diz-filho.shtml
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