quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Vaticano: americanas pedem maior tolerância com homossexuais e aborto
Cerca de mil religiosas dos Estados Unidos, que pedem não só a ordenação sacerdotal feminina, mas também uma maior tolerância do Vaticano em temas como homossexualidade e aborto, se reuniram em St. Louis (Missouri), em um encontro que marca suas diferenças em relação à hierarquia católica.
"Não é uma diferença sobre doutrina, mas sobre o Governo da Igreja", disse Caridad Linda, da Congregação da Humildade de Maria, e que trabalha em Guadalajara (México) e em Davenport (Iowa).
As religiosas buscam, segundo Caridad, uma Igreja menos hierárquica e mais participativa.
A reunião da Conferência de Líderes de Congregações Religiosas (LCWR) - que representa mais de 80% das mais de 57 mil religiosas católicas no país - acontece quatro meses depois de terem sido advertidas pelo Vaticano.
"As integrantes de LCWR farão um processo de discernimento sobre sua resposta ao Vaticano", disse a porta-voz do grupo, Annemarie Sanders.
"O processo permitirá que as irmãs se unam e considerem as respostas possíveis. Sobre a base de tais discussões, o grupo decidirá quais são os próximos passos", acrescentou.
Isso é uma resposta da LCWR ao mandato emitido pelo Vaticano. Em abril, a Congregação para a Doutrina da Fé acusou a LCWR de "graves problemas doutrinários" e anunciou que três bispos dos EUA foram encarregados de colocar ordem entre as religiosas.
Os desentendimentos entre o Vaticano e a LCWR são antigos: durante a visita do papa João Paulo II a Washington, em 1979, a então presidente do grupo, Theresa Kane, fez uma calorosa saudação e depois aproveitou para fazer uma reinvidicação em público, que acabou sendo estampada em meios de imprensa de todo mundo.
"Enquanto compartilhar esse momento privilegiado com Vossa Santidade, peço-lhe para estar atento a intenso sofrimento e dor que faz parte da vida de muitas mulheres nestes Estados Unidos. Eu vos chamo a ouvir com compaixão o apelo das mulheres. Enquanto mulheres, ouvimos as mensagens poderosas de nossa Igreja abordando a dignidade e a reverência para todas as pessoas. Enquanto mulheres, temos pesado essas palavras.
Nossa contemplação nos leva a afirmar que a Igreja, em sua luta para ser fiel ao seu apelo à reverência e dignidade para todas as pessoas, deve responder, fornecendo a possibilidade de as mulheres, enquanto pessoas, serem incluídas em todos os ministérios da Igreja".
Em outras palavras, as religiosas pediam a ordenação sacerdotal das mulheres, fato que a Igreja vetou durante quase toda sua história e que o Vaticano rejeitou nos últimos anos.
Mais de três décadas depois do apelo de Kane, o Vaticano ordenou uma "visita" - uma espécie de inspeção eclesiástica - às ordens religiosas femininas nos EUA e a intervenção dos bispos na LCWR.
A "visita" aconteceu no ano passado, feita por Clare Millea, superior dos Apóstolos do Sagrado Coração de Jesus, uma americana que mora em Roma.
O Vaticano descreveu a "visita" como uma pesquisa sobre as condições de vida e práticas nas ordens religiosas nos EUA. O relatório final da "visita", ainda é desconhecido.
A advertência emitida pelo Vaticano em abril se refere, também em parte, à independência que vivem e trabalham muitas religiosas americanas, e a tolerância a temas como homossexualidade, aborto e luta pela justiça social.
"O Vaticano nos considera uma espécie de mão de obra eclesiástica", comentou Sandra Schneiders, professora na Escola Jesuíta de Teologia em Berkeley (Califórnia), referindo-se ao papel tradicional das religiosas como enfermeiras ou como professoras nas escolas católicas.
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http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6079728-EI8141,00-Vaticano+americanas+pedem+maior+tolerancia+com+homossexuais+e+aborto.html
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