quinta-feira, 14 de junho de 2012
Frango dinossauro - Você ainda vai comer um
O PALEONTOLOGISTA JACK HORNER QUER FABRICAR UM DINOSSAURO. NÃO A PARTIR DA ECLOSÃO DE UM OVO, POIS “ISSO SERIA RIDÍCULO”. ELE DIZ QUE IRÁ FAZÊ-LO ATRAVÉS DE UM PROCESSO DE “REVERSÃO EVOLUTIVA” DE UMA GALINHA. “TRATA-SE DE UMA COISA LOUCA”, DIZ HORNER, “MAS QUE É BASTANTE POSSÍVEL”
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13 de Junho de 2012 às 10:27
Por Thomas Hayden
Já disseram que Jack Horner é um cientista meio doido, mas a verdade é que ele sempre demonstrou estar com a razão. Em 1982, confiando no valor de seus sete anos de estudos quase autodidatas, fora dos currículos oficiais, uma passagem rápida pela Marinha e um emprego temporário como paleontólogo na universidade de Princeton, Horner conseguiu finalmente um emprego no Montana State University’s Museum of the Rockies, em Bozeman, EUA. Foi contratado como curador de pesquisa, mas logo depois disse a seus chefes que queria ser professor de paleontologia. “Eles disseram que isso não seria possível”, lembra Horner. Quatro anos depois, de posse de uma bolsa da Fundação MacArthur outorgada apenas aos gênios, “eles me disseram para fazer o que bem entendesse”. Hoje, Horner, 66 anos, continua trabalhando no museu, agora repleto com suas descobertas. Ele, no entanto, ainda não tem sequer um diploma do colégio.
Quando Jack Horner era um menino, nos anos 1950, dizia-se que os dinossauros eram quase certamente uns verdadeiros monstros: repteis enormes, frios e solitários. Horner não aceitou esse retrato. Ele viu nos esqueletos que descobrira, velhos de centenas de milhões de anos, traços de socialibilidade, marcas de animais que viviam em rebanhos, diferentes dos repteis modernos. Então, nos anos 1970, Horner e seu colega Bob Makela excavaram os restos de um dos mais espetaculares sítios de dinossauros jamais encontrados: um enorme e completo ninho comunitário de dinossauros “bico-de-pato”. O sítio situava-se no noroeste do Estado de Montana, e continha fósseis de indivíduos adultos, filhotes e ovos. Ali estavam as provas da idéia doida número um: entre esses animais, os pais cuidavam dos seus filhotes. A julgar pelos seus esqueletos, os bebês desses dinossauros bico-de-pato eram demasiado frágeis para sobreviver por conta própria.
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Horner foi à frente, buscando evidências sugestivas de que, uma vez saídos de seus ovos, os animaizinhos cresciam com rapidez (idéia doida número dois) e muito provavelmente tinham sangue quente (ideia doida número três). Como se não bastasse, ele continuou a pesquisa, colocando-se agora na linha de frente da busca de matéria orgânica que tivesse eventualmente sobrevivido intacta nos fósseis (ideia número quatro, muito doida). Graças a seu trabalho como consultor técnico da série de filmes “Jurassic Park”, Horner provavelmente, dentre todos os outros paleontologistas vivos, foi o que mais fez para modelar a ideia que atualmente fazemos a respeito dos dinossauros e seu modo de vida.
Tudo isso significa que as pessoas agora tomam cada vez maior cuidado antes de chamá-lo de doido, até mesmo quando ele revela os seus planos para o futuro imediato: Jack Horner quer fabricar um dinossauro. Não a partir da eclosão de um ovo, pois “isso seria ridículo”. Ele diz que irá fazê-lo através de um processo de “reversão evolutiva” de uma galinha. “Trata-se de uma coisa louca”, diz Horner, “mas que é bastante possível”.
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'O esqueleto de uma galinha e de um Tiranossauro rex são realmente muito parecidos', afirma Jack Horner
Através das últimas décadas, paleontologistas – inclusive Horner – encontraram ampla evidência para provar que os pássaros modernos são os descendentes dos dinossauros. Tudo leva a essa convicção, desde a maneira como eles botam ovos até os detalhes da sua anatomia óssea. Com efeito, existem tantas similaridades que muitos cientistas concordam no fato de que os pássaros são, na verdade, dinossauros, estreitamente relacionados com terópodes comedores de carne como o tiranossauro e o velociraptor.
Mas “estreitamente relacionados” tem significados diferentes para os biólogos evolucionistas e para outras categorias humanas, tais como, digamos, os juristas que escrevem leis sobre o incesto. Tudo é relativo: seres humanos quase não podem ser distinguidos, em termos genéticos, dos chimpanzés.
Traços de criaturas extintas há muito tempo, ecos do passado evolutivo, ocasionalmente emergem e aparecem na vida real de hoje e são chamados de atavismos. Estes são os casos – raros – de indivíduos que nascem com alguma feição característica dos seus antecedentes evolucionários. Baleias às vezes nascem com apêndices que são reminiscências dos seus membros escondidos. Bebês humanos às vezes chegam ao mundo cobertos de pelos, com pares extras de mamas ou, muito raramente, dotados de um verdadeiro rabo. Horner planeja, essencialmente, começar com a criação de atavismos experimentais produzidos em laboratório. Ative suficientes características ancestrais numa galinha, ele raciocina, e você irá terminar tendo nas mãos alguma coisa parecida com um “saurus” ancestral. Pelo menos, isto foi o que ele explicou numa das suas últimas conferências proferidas no TED, o popular encontro de divulgação científica realizado em Long Beach, Califórnia. “Quando eu ainda era um garoto em Montana, possuía dois sonhos: Queria ser um paleontologista, especializado em dinossauros, e queria possuir um dinossauro de estimação”.
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http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/63890/Frango-dinossauro---Voc%C3%AA-ainda-vai-comer-um.htm
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