terça-feira, 17 de julho de 2012
Sequenciado genoma do macaco rhesus que é 93 por cento idêntico ao humano
Uma equipa internacional de cientistas descodificou a sequência do genoma do macaco rhesus, um avanço que poderá ajudar a compreender algumas doenças do ser humano, incluindo a sida, já que ambos partilham 93 por cento dos genes. A análise da sequência genética revela que esses primatas compartilham com os chimpanzés e o ser humano 97,5 por cento do DNA, mas têm alguns genes muito diferentes, assinalam os cientistas numa série de artigos publicados hoje na revista Science
Este é o terceiro genoma de um animal primata sequenciado, depois do humano e do chimpanzé, tendo os resultados permitido concluir que entre os três as semelhanças genéticas são de 97,5 por cento, uma percentagem que baixa para 93 por cento se se comparar apenas o macaco com o Homem.
"A sequência do genoma do macaco rhesus, juntamente com os do homem e do chimpanzé, dá-nos outro instrumento para impulsionar o nosso conhecimento da biologia humana", disse Francis Collins, do Instituto Nacional de Investigações do Genoma Humano, um dos organismos que participa na investigação.
A sequência do genoma humano em 2001 proporcionou muitas pistas sobre a evolução do homem, mas na altura os cientistas consideraram que conseguir a de outro primata seria útil para fazer comparações. Em 2005, a sequência do chimpanzé permitiu determinar quais os genes compartilhados por ambas as espécies desde que se separaram em termos evolutivos, há seis milhões de anos.
A análise de ambos os genomas estabeleceu que são 99 por cento semelhantes, o que constituiu um grande avanço científico na medida em que, conforme salientou na altura o especialista em genética Carolino Monteiro, "sendo o modelo animal mais próximo do Homem, tem mais zonas de semelhança que - se demonstrarem doenças comparáveis ao humano - podem ser trabalhadas em laboratório para se compreender as doenças e como curá-las".
Quanto ao macaco rhesus, é um parente mais antigo do homem, tendo a separação evolutiva dos dois ocorrido há cerca de 25 milhões de anos.
Macaco mais longe
Segundo Richard Gibbs, director do Centro de Sequência do Genoma Humano, do Colégio Baylor de Medicina, a descoberta de que o macaco está mais longe na evolução do que o chimpanzé proporciona um bom contraste para a comparação dos três genomas. Segundo os mesmos especialistas, o genoma do macaco ajuda os cientistas a explicar de que forma o homem se diferencia de outros primatas. "Permite-nos aprender o que se juntou ou o que foi eliminado na evolução dos primatas, desde o macaco, passando pelo chimpanzé até ao homem", disse Gibbs.
Ao juntar o genoma do macaco à comparação entre primatas, os cientistas identificaram quase 200 genes que seriam a chave na determinação das diferenças que existem entre as espécies. Estas incluem, por exemplo, os genes envolvidos na formação do cabelo, a reacção imunológica, assim como a fusão do esperma e do óvulo.
Muitos destes genes estão em zonas do genoma dos primatas que sofreram uma duplicação, o que indica que existir uma copia extra de um gene poderá permitir uma evolução mais rápida, e que essa duplicação é a chave na evolução dos primatas, disseram os cientistas. Mas mais do que perceber que o macaco rhesus é um parente afastado na evolução dos primatas, a sua importância é crucial na medicina, devido à sua semelhança genética e fisiológica com os seres humanos.
Um macaco que salvou muitas vidas
Segundo os cientistas, o macaco rhesus não só salvou muitas vidas ao ajudar a determinar o factor Rh no sangue e o desenvolvimento da vacina contra a poliomielite, como também foi a chave na investigação de transtornos neurológicos e de comportamento.
Contudo, este pequeno primata é ainda mais importante na luta contra o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que causa a sida, afirmam os cientistas. O macaco tem uma reacção especial até agora não clarificada perante o vírus da imunodeficiência símia (VIS), o que faz dele um modelo único no estudo da sida, acrescentam.
"Uma descrição completa de todos os componentes das suas funções imunológicas permitirá um uso mais ponderado dos macacos rhesus em áreas como a investigação da sida e das vacinas", dizem os autores dos estudos. Este genoma do macaco rhesus também ajudará a aumentar a investigação neurológica, a biologia do comportamento, a fisiologia reprodutiva e os estudos de endocrinologia e cardiovasculares, acrescentam.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=21324&op=all
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